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Unknown
junho 04, 2014
Capítulo 5
— Quem é? — perguntou uma voz nervosa, que ele reconheceu ser a da Sra. Weasley. — Identifique-se!
— Dumbledore trazendo Harry.
A porta se abriu imediatamente. E apareceu a dona da casa, baixa e gorducha, usando um velho robe verde.
— Harry, querido! Nossa, Alvo, você me assustou, não disse para não esperar vocês antes de amanhecer?
— Tivemos sorte — disse o diretor, fazendo Harry entrar. — Slugborn foi mais fácil de persuadir do que imaginei. Um feito de Harry, é claro. Ah, olá, Ninfadora!
Harry se virou e viu que a Sra. Weasley não estava sozinha, apesar da hora tardia. Uma jovem bruxa de rosto pálido, em forma de coração, e cabelos castanhos sem vida, estava sentada à mesa segurando uma caneca entre as mãos.
— Olá, professor. E aí, beleza, Harry?
— Oi, Tonks.
Harry achou que ela parecia muito cansada, e até doente, e que havia algo forçado em seu sorriso. Sem dúvida, sua aparência estava mais desbotada do que de costume, sem os cabelos rosa-chiclete.
— É melhor eu ir andando — disse depressa, levantando-se e cobrindo os ombros com a capa. — Obrigada pelo chá e a simpatia, Molly.
— Por favor, não vá embora por minha causa — disse Dumbledore gentilmente. — Não posso ficar, tenho assuntos urgentes a tratar com Rufo Scrimgeour.
— Não, não, preciso ir mesmo — respondeu Tonks, sem retribuir o olhar de Dumbledore. — Noite...
— Querida, por que não vem jantar no fim de semana, Remo e Olho-Tonto virão...?
— Sério, Molly, não... mas, obrigada assim mesmo... boa-noite para todos.
Tonks passou ligeira por Dumbledore e Harry, e saiu para o quintal; a alguns passos da porta, rodopiou e desapareceu no ar. Harry reparou que a Sra. Weasley parecia preocupada.
— Bem, verei você em Hogwarts, Harry — despediu-se Dumbledore.
— Cuide-se bem. Molly, às suas ordens.
Ele fez uma reverência à Sra. Weasley e saiu atrás de Tonks, desaparecendo exatamente no mesmo lugar. A Sra. Weasley fechou a porta para o quintal vazio, segurou Harry pelos ombros e o conduziu até a luz do candeeiro sobre a mesa para vê-lo melhor.
— Você é igual ao Rony — suspirou ela olhando-o de cima a baixo.
— Parece que alguém lançou em vocês um Feitiço Esticador. Juro que Rony cresceu dez centímetros desde a última vez que comprei uniformes para ele. Está com fome, Harry?
— Estou — confirmou o garoto, percebendo de repente que estava faminto.
— Sente-se, querido, vou preparar alguma coisa.
Quando Harry sentou, um gato peludo e ruço, de cara amassada, pulou para os seus joelhos e se acomodou ali, ronronando.
— Então a Hermione está aqui? — perguntou Harry contente, fazendo cócegas atrás da orelha do Bichento.
— Ah, está, chegou anteontem — respondeu a Sra. Weasley, batendo com a varinha em um panelão de ferro, que aterrissou no fogão com um baque sonoro e começou imediatamente a borbulhar. — É claro que todos já foram dormir, só esperávamos vocês amanhã. Pronto...
Ela deu outra batida na panela que se ergueu no ar, voou até Harry e se inclinou; a Sra. Weasley encaixou sob a panela uma tigela bem em tempo de aparar o caldo grosso e fumegante da sopa de cebola.
— Pão, querido?
— Obrigado, Sra. Weasley.
Ela acenou a varinha por cima do ombro: um pão e uma faca voaram graciosamente até a mesa. Quando o pão se fatiou e a panela de sopa voltou ao fogão, a bruxa sentou diante do garoto.
— Então foi você que convenceu Horácio Slughorn a aceitar o emprego?
Harry confirmou com a cabeça, a boca tão cheia de sopa quente que não conseguia falar.
— Ele foi nosso professor, meu e de Arthur. Esteve um tempão em Hogwarts, começou mais ou menos na mesma época que Dumbledore, acho. Você gostou dele?
Agora com a boca cheia de pão, Harry encolheu os ombros e acenou a cabeça com indiferença.
— Sei o que quer dizer — tornou a Sra. Weasley, confirmando, séria. — É claro que ele sabe ser charmoso quando quer, mas Arthur jamais gostou muito dele. O Ministério está cheio de antigos favoritos de Slughorn, sempre os ajudou a subir na vida, mas nunca teve muito tempo para Arthur, talvez não achasse que ele chegaria tão longe. Bom, o que mostra que até Slughorn se engana. Não sei se Rony lhe contou em alguma carta, acabou de acontecer, mas Arthur foi promovido!
Não poderia ser mais evidente que a Sra. Weasley estava doida para contar a novidade. Harry engoliu uma grande bocada de sopa escaldante e teve a sensação de que sua garganta estava empolando.
— Que máximo! — ofegou.
— Você é muito gentil — disse sorrindo a Sra. Weasley, possivelmente tomando as lágrimas nos olhos de Harry por emoção com a notícia. — Sim, Rufo Scrimgeour criou várias seções novas para enfrentar a situação atual, e Arthur está chefiando a Seção para Detecção e Confisco de Feitiços Defensivos e Objetos de Proteção Forjados. É um trabalho de grande peso, e ele agora tem dez subordinados!
— Que é exatamente... ?
— Bem, sabe, com todo esse pânico gerado por Você-Sabe-Quem, estão aparecendo objetos estranhos à venda, coisas que dizem proteger a pessoa contra Você-Sabe-Quem e os Comensais da Morte. Você pode imaginar que tipo de coisa: poções protetoras, que na realidade são molho com um pouco de pus de bubotúberas, ou instruções para feitiços defensivos que fazem as orelhas caírem... bem, os responsáveis principais são gente como Mundungo Fletcher, que nunca trabalhou honestamente um só dia na vida, e que se aproveita do pavor das pessoas; mas de vez em quando aparece alguma coisa realmente perigosa. Ainda outro dia, Arthur confiscou uma caixa de bisbilhoscópios enfeitiçados, muito provavelmente plantados por um Comensal da Morte. Então, como você vê, é um trabalho muito importante, e vivo dizendo a ele que é uma bobagem sentir falta das velas para motores e torradeiras e toda aquela quinquilharia dos trouxas com que se ocupava. — A Sra. Weasley encerrou seu discurso com um olhar severo, como se Harry é quem tivesse sugerido que era natural sentir falta de velas.
— O Sr. Weasley ainda está no trabalho? — indagou Harry.
— Está. Aliás está um pouquinho atrasado... me disse que estaria em casa por volta da meia-noite...
Molly se virou para olhar um grande relógio mal equilibrado em cima de uma pilha de lençóis no cesto de roupas deixado na ponta da mesa. Harry reconheceu-o imediatamente: tinha nove ponteiros, cada um deles com o nome de um membro da família, e costumava ficar pendurado em uma parede na sala de estar dos Weasley. Sua posição atual, porém, indicava que a Sra. Weasley passara a carregá-lo com ela por toda a casa. No momento, os nove ponteiros apontavam para perigo mortal.
— Ele tem estado assim — explicou a sra. Weasley em um tom descontraído, muito pouco convincente — desde que Você-Sabe-Quem saiu da clandestinidade. Suponho que todo o mundo esteja correndo perigo mortal... acho que não pode ser só a nossa família... mas não conheço ninguém que tenha um relógio igual, por isso não posso verificar. Ah!
Com uma exclamação repentina, ela apontou para o mostrador do relógio. O ponteiro do Sr. Weasley se movera para “em trânsito”.
— Ele está a caminho!
E, confirmando, um instante depois ouviu-se uma batida na porta dos fundos. A Sra. Weasley levantou-se depressa e correu a atendê-la. Com uma das mãos na maçaneta e o rosto encostado na madeira, perguntou baixinho:
— Arthur, é você?
— Sou — tornou a voz cansada do Sr. Weasley. — Mas eu diria isto, querida, mesmo que fosse um Comensal da Morte. Faça a pergunta correta!
— Ah, francamente...
— Molly!
— Está bem, está bem... qual é a maior ambição de sua vida?
— Descobrir como os aviões se sustentam no ar.
A Sra. Weasley assentiu e girou a maçaneta, mas pelo visto o Sr. Weasley estava segurando-a com firmeza pelo outro lado, porque a porta continuou fechada.
— Molly! Sou em quem pergunta primeiro!
— Arthur, realmente, que tolice...
— Como é que você gosta que eu a chame quando estamos sozinhos?
Mesmo à luz fraca do candeeiro, deu para Harry ver que a Sra. Weasley ficara muito vermelha; ele próprio sentiu um calor em torno das orelhas e do pescoço, e engoliu a sopa depressa, batendo com a colher na tigela o mais alto que pôde.
— Moliuóli — sussurrou a mortificada Sra. Weasley pela fresta da porta.
— Correto — disse o Sr. Weasley. — Agora pode me deixar entrar.
A Sra. Weasley abriu a porta revelando o marido, um bruxo magro, os cabelos ruivos já rareando, óculos de aros de tartaruga e uma longa capa de viagem empoeirada.
— Continuo sem entender por que temos de fazer isso todas as vezes que você chega em casa — protestou a Sra. Weasley, com o rosto ainda corado, ajudando o marido a tirar a capa. — Quero dizer, um Comensal da Morte poderia ter obrigado você a dar a resposta antes de se disfarçar!
— Eu sei, querida, mas são as regras do Ministério, e tenho de dar o exemplo. Estou sentindo um cheiro bom: sopa de cebola?
O Sr. Weasley virou-se esperançoso na direção da mesa.
— Harry! Só esperávamos você amanhã!
Os dois se apertaram as mãos, e o Sr. Weasley se largou em uma cadeira ao lado de Harry enquanto sua mulher punha uma tigela de sopa para ele também.
— Obrigado, Molly. Foi uma noite pesada. Um idiota começou a vender Medalhas-Metamórficas. A pessoa pendura uma no pescoço e pode mudar de aparência à vontade. Cem mil disfarces por dez galeões!
— E o que realmente acontece quando se pendura a medalha?
— A maioria das pessoas fica com uma feia cor alaranjada, mas em outras surgem verrugas em forma de tentáculos no corpo inteiro. Como se o St. Mungus já não tivesse muito o que fazer.
— Está me parecendo o tipo de coisa que Fred e Jorge achariam engraçado — comentou a Sra. Weasley hesitante. — Você tem certeza...
— Claro que tenho! Os meninos não fariam uma coisa dessas justamente agora que as pessoas estão desesperadas para se proteger!
— Então foi por isso que você se atrasou, Medalhas-Metamórficas?
— Não, soubemos de um Feitiço às Avessas, em Elephant and Castle, mas, felizmente, quando chegamos lá, o Esquadrão de Execução das Leis da Magia já tinha resolvido o caso...
Harry ergueu a mão para abafar um bocejo.
— Cama — disse uma Sra. Weasley sem se deixar enganar. — Já arrumei o quarto de Fred e Jorge para você, será todo seu.
— Por que, aonde eles foram?
— Ah, estão no Beco Diagonal, dormindo no apartamentinho em cima da loja de logros, porque estão muito ocupados — disse a Sra. Weasley. — Confesso que a princípio não aprovei, mas realmente parecem ter jeito para o negócio! Vamos, querido, o seu malão já está lá em cima.
— Noite, Sr. Weasley — disse Harry, recuando a cadeira. Bichento saltou com leveza de seu colo e desapareceu da cozinha.
— B’noite, Harry.
O garoto viu a Sra. Weasley olhar para o relógio no cesto de roupas quando saíram da cozinha. Todos os ponteiros estavam mais uma vez marcando perigo mortal.
O quarto de Fred e Jorge era no segundo andar. A Sra. Weasley apontou a varinha para uma lâmpada na mesinha-de-cabeceira e imediatamente ela acendeu, inundando o quarto com uma agradável claridade dourada. Embora houvesse um grande vaso de flores sobre uma escrivaninha diante de uma pequena janela, seu perfume não conseguia disfarçar o cheiro que impregnava o quarto e que, para Harry, era de pólvora. Uma grande parte do chão estava ocupada por várias caixas de papelão lacradas, mas sem identificação, entre as quais se encontrava o malão de Harry. Aparentemente o quarto estava sendo usado como um depósito provisório.
Edwiges piou alegremente em seu poleiro em cima de um grande guarda-roupa, e em seguida saiu voando pela janela; Harry sabia que a coruja estava esperando para vê-lo antes de sair à caça. Harry desejou boa noite à Sra. Weasley, vestiu o pijama e se meteu entre as cobertas de uma das camas. Havia um objeto duro na fronha. Ele apalpou-a por dentro e puxou um doce pegajoso, roxo e laranja, que reconheceu como Vomitilha. Sorrindo, virou-se para o outro lado e adormeceu instantaneamente.
Segundos depois, ou assim pareceu a Harry, ele acordou com tiros que imaginou serem de canhão, ao mesmo tempo que a porta se escancarava. Ao sentar-se na cama, ouviu alguém abrindo as cortinas: era como se a claridade ofuscante do sol lhe golpeasse os olhos com força. Protegendo-os com uma das mãos, ele tateou inutilmente com a outra, à procura dos óculos.
— Que é isso?
— Nós não sabíamos que você já estava aqui! — disse urna voz alta e excitada, e Harry sentiu um soco no cocuruto da cabeça.
— Rony, não bata nele! — ralhou uma voz de garota.
Harry encontrou os óculos e colocou-os, embora o excesso de claridade não lhe permitisse enxergar quase nada. Um vulto longo agigantou-se à sua frente por um momento; ele piscou e Rony Weasley entrou em foco, sorrindo.
— Tudo bem?
— Nunca estive melhor — respondeu Harry, esfregando o cocuruto e se largando em cima dos travesseiros. — Você?
— Nada mal — replicou o amigo, puxando uma caixa e sentando-se nela. — Quando foi que você chegou? Mamãe acabou de nos contar!
— Mais ou menos à uma hora da manhã.
— Foi tudo bem com os trouxas? Trataram você direito?
— Do jeito de sempre — respondeu Harry, enquanto Hermione se empoleirava na beira da cama. — Não falaram muito comigo, mas gosto mais assim. E você como vai, Mione?
— Ah, estou ótima — respondeu a garota, que o examinava atentamente, como se ele estivesse doente.
Harry achava que sabia o porquê e, como não tinha o menor desejo de discutir a morte de Sirius ou qualquer outro assunto triste naquele momento, perguntou:
— Que horas são? Perdi o café da manhã?
— Não se preocupe, mamãe está trazendo uma bandeja para você; ela acha que está desnutrido — tranqüilizou-o Rony, revirando os olhos para o teto. — Então, quais são as novidades?
— Muito poucas, até agora estive encalhado na casa dos meus tios, não é?
— Fala sério, cara! — exclamou Rony. — Você esteve viajando com Dumbledore!
— Não foi tão excitante assim. Ele só queria que eu convencesse um antigo professor a interromper a aposentadoria. Um tal Horácio Slughorn.
— Ah. — Rony pareceu desapontado. — Pensamos que...
Hermione lançou-lhe um olhar de advertência, e na mesma hora
Rony mudou de assunto.
— ...pensamos que poderia ser uma coisa dessas.
— Pensaram? — Harry achou graça.
— É... é, já que a Umbridge foi embora, é óbvio que precisaremos de um novo professor de Defesa contra as Artes das Trevas, não acha? Então, hum, como é que ele é?
— Lembra um pouco um leão-marinho e foi diretor da Sonserina — informou Harry. — Alguma coisa errada, Hermione?
A garota observava o amigo como se esperasse que ele manifestasse sintomas estranhos a qualquer instante. Mas se recompôs depressa e deu um sorriso nada convincente.
— Não, claro que não! E aí, você acha que o Slughorn vai dar um bom professor?
— Não sei. Não pode ser pior do que a Umbridge, pode?
— Eu conheço alguém, que é pior do que a Umbridge. — A irmã mais nova de Rony adentrou o quarto, irritada. — Oi, Harry.
— Qual é o problema? — perguntou Rony.
— Ela. — Gina se largou na cama de Harry. — Está me deixando pirada.
— Que foi que ela fez agora? — perguntou Hermione, solidária.
— É o modo como fala comigo, como se eu tivesse três anos de idade!
— Eu sei — concordou Hermione baixando a voz. — Ela é tão sebosa! Harry ficou espantado de ouvir Hermione se referir à Sra. Weasley daquele jeito, e não pôde culpar Rony por retrucar com raiva:
— Será que vocês duas não podem parar de implicar com ela por cinco minutos?
— Ah, vai, defende — retrucou Gina. — A gente sabe que você não se cansa dela.
Era um comentário estranho sobre a mãe de Rony; começando a achar que perdera alguma coisa, Harry perguntou:
— De quem vocês...?
A pergunta foi respondida antes que ele a terminasse. A porta do quarto tornou a se escancarar, e o garoto instintivamente puxou as cobertas até o queixo com tanta força que Hermione e Gina foram parar no chão.
Havia uma jovem parada no portal, e sua beleza era tão sufocante que o quarto pareceu ficar estranhamente abafado.
Era alta e esguia, e tinha cabelos compridos e louros que davam a impressão de refletir um leve fulgor prateado. Para completar a visão, a jovem trazia uma pesada bandeja com o café da manhã de Harry.
— Arry — disse com uma voz gutural. — Faz tante tempe! — Quando cruzou o portal e foi em direção a Harry, a Sra. Weasley surgiu logo atrás, parecendo muito aborrecida.
— Não precisava trazer a bandeja. Eu mesma já vinha trazer!
— Nam foi trrabalhe nenhum — disse Fleur Delacour, apoiando a bandeja nos joelhos de Harry e curvando-se num movimento ágil para lhe dar um beijo em cada bochecha: ele sentiu uma queimação onde a moça encostara os lábios. — Estave doide parra verr ele. Lembrra minhe irman, Gabrielle? Não parra de falarr em Arry Potter. Vai ficarr encantade de reverr você.
— Ah... ela também está aqui? — grasnou Harry.
— Nam, nam, bobin — retrucou Fleur com um sorriso tilintante. — Querr dizerr ne prróxime verrão, quande nós... mas você ainde nam sabe?
Seus grandes olhos se arregalaram e, com ar de censura, fixaram a Sra. Weasley, que disse:
— Ainda não tivemos tempo de contar.
Fleur voltou sua atenção para Harry, sacudindo a cabeleira prateada contra o rosto da Sra. Weasley.
— Gui e eu vamos nos casar!
— Ah — exclamou Harry sem entender. Não pôde deixar de notar que a Sra. Weasley, Hermione e Gina evitavam deliberadamente se olhar. — Uau. Ah... felicidades!
Fleur deu outro mergulho para beijá-lo outra vez.
— Gui stá muite ocupade ne momente, trrabalhande muite, eu só trrabalho parrte de dia ne Grringotes parra melhorrar meu inglês, entam ele me trrouxe prra passarr uns dies e conhecerr a família dele dirreite. Fique tam feliz que você vinhe... nam tem muite que fazerr aqui se a gente nam goste de cozinha e galinhes! Beim: bom apetite, Arry!
E, dizendo isso, ela se virou graciosamente, como se flutuasse, e saiu do quarto, fechando a porta sem fazer ruído.
A Sra. Weasley soltou uma exclamação que soou como um tcha.
— Mamãe detesta ela — comentou Gina baixinho.
— Eu não detesto a moça! — protestou a Sra. Weasley num sussurro irritado. — Acho que se apressaram demais para noivar, só isso.
— Eles já se conhecem há um ano — justificou Rony, que parecia estranhamente tonto com os olhos pregados na porta fechada.
— Ora, não é tanto tempo assim! Obviamente eu sei por que foi. Com toda essa incerteza por causa da volta de Você-Sabe-Quem, as pessoas acham que podem estar mortas amanhã, então tomam decisões precipitadas que normalmente demorariam a tomar. Foi o mesmo que aconteceu da última vez que ele se tornou poderoso, gente fugindo para casar a torto e a direito...
— Inclusive você e papai — concluiu Gina astutamente.
— Verdade, mas seu pai e eu fomos feitos um para o outro, por que iríamos esperar? — justificou-se a Sra. Weasley. — Enquanto no caso de Gui e Fleur... bem... que é que eles têm realmente em comum? Ele é um rapaz trabalhador, uma pessoa que tem os pés no chão, enquanto ela é...
— Uma vaca — emendou Gina, confirmando o que dizia com a cabeça. — Mas Gui não tem os pés no chão. É um desfazedor de feitiços, não é?, gosta de um pouco de aventura, um pouco de glamour... imagino que tenha sido por isso que se apaixonou pela Fleuma.
— Pare de chamar a moça assim, Gina — falou com rispidez a Sra. Weasley, enquanto Harry e Hermione riam. — Bem, é melhor eu continuar... coma os ovos enquanto estão quentes, Harry.
Com um ar apreensivo, ela saiu do quarto. Rony continuava com cara de quem levara um soco; sacudia a cabeça como um cachorro que quisesse sacudir a água dos ouvidos.
— Você não se acostuma com ela nem morando na mesma casa? — perguntou Harry.
— Bem, me acostumo — explicou Rony —, mas se ela aparece de repente, como agora há pouco...
— É patético — explodiu Hermione, tomando distância de Rony e virando-se de frente para enfrentá-lo, de braços cruzados, ao deparar com a parede.
— Você não quer realmente que ela fique aqui para sempre, não é? — perguntou Gina ao irmão, incrédula. Ao notar que ele apenas encolhia os ombros, continuou: — A mamãe vai dar um basta nessa história, se puder, aposto o que você quiser.
— E como ela vai conseguir isso? — perguntou Harry.
— Ela não pára de convidar a Tonks para almoçar. Acho que tem esperança de que Gui se apaixone por ela. Torço para que isso aconteça, prefiro muito mais a Tonks em nossa família.
— Estou mesmo vendo isso acontecer — comentou Rony com sarcasmo. — Escute aqui, nenhum cara com o juízo perfeito vai preferir a Tonks se a Fleur estiver por perto. Quero dizer, a Tonks é legal quando não faz bobagens com o cabelo e o nariz, mas...
— Ela é muito mais bonita do que a Fleuma — teimou Gina.
— E é mais inteligente, é uma auror! — falou Hermione lá do seu canto.
— A Fleur não é burra, teve mérito suficiente para participar do Torneio Tribruxo — disse Harry.
— Ah, você também, Harry? — exclamou Hermione desapontada.
— Suponho que você goste do jeito com que a Fleuma diz “Arry”, é isso? — perguntou Gina com desprezo.
— Não — respondeu Harry, desejando não ter aberto a boca. — Eu só estava dizendo que a Fleuma, quero dizer, a Fleur...
— Pois eu prefiro ter a Tonks na nossa família. Pelo menos ela é divertida.
— Ela não tem sido muito divertida ultimamente — retrucou Rony.
— Todas as vezes que a vi, estava parecendo mais a Murta-Que-Geme.
— Isto não é justo — protestou Hermione rispidamente. — Ela ainda não superou o que aconteceu... sabe... quero dizer, ele era primo dela!
Harry sentiu um aperto no coração. Tinham chegado a Sirius. Ele apanhou um garfo e começou a encher a boca de ovos mexidos, esperando evitar convites para participar daquela conversa.
— Tonks e Sirius mal se conheciam! — lembrou Rony. — Sirius esteve preso em Azkaban metade da vida dela e antes disso as famílias dos dois nem se encontravam...
— A questão não é essa — disse Hermione. — Ela acha que foi a responsável pela morte de Sirius!
— E como é que ela chegou a essa conclusão? — perguntou Harry, mesmo sem querer.
— Bem, ela estava enfrentando Belatriz Lestrange, concorda? A minha impressão é que Tonks sente que, se a tivesse liquidado, Belatriz não poderia ter matado Sirius.
— Que idiotice — comentou Rony.
— É o sentimento de culpa de quem sobrevive. Sei que Lupin tentou argumentar, mas ela continua deprimida. Está tendo até problemas para se metamorfosear!
— Para o quê...?
— Não consegue mais mudar a aparência como costumava fazer — explicou Hermione. — Acho que os poderes dela devem ter sido afetados pelo choque ou coisa do gênero.
— Eu não sabia que isso era possível — admirou-se Harry.
— Nem eu — falou Hermione —, mas suponho que se a pessoa ficar realmente deprimida... A porta tornou a abrir e a Sra. Weasley meteu a cabeça no quarto.
— Gina — sussurrou —, desce e vem me ajudar a preparar o almoço.
— Estou conversando com a galera! — reclamou Gina indignada.
— Agora! — mandou a Sra. Weasley, e se retirou.
— Ela só quer a minha companhia para não ter de ficar sozinha com a Fleuma! — continuou Gina enfurecida. E agitou os longos cabelos ruivos para os lados, em uma boa imitação de Fleur, andando pelo quarto com os braços erguidos como se fosse uma bailarina.
— E galera, é melhor vocês descerem logo também — disse ao sair. Harry aproveitou o silêncio momentâneo para comer mais.
Hermione espiava dentro das caixas de Fred e Jorge, embora, de tempos em tempos, lançasse um olhar de esguelha para Harry. Rony agora estava se servindo da torrada de Harry, ainda contemplando sonhadoramente a porta.
— Que é isso? — perguntou por fim Hermione, erguendo um objeto que parecia um pequeno telescópio.
— Sei lá — respondeu Rony. — Fred e Jorge deixaram isso aí, provavelmente ainda não está pronto para ser vendido na loja, cuidado.
— Sua mãe diz que a loja está indo bem — comentou Harry. — Que Fred e Jorge realmente têm jeito para o negócio.
— Isto é dizer pouco — comentou Rony. — Eles estão se enchendo de galeões! Nem posso esperar para ver a loja. Ainda não fomos ao Beco Diagonal, porque mamãe diz que papai tem de ir também por medida de segurança, e ele tem andado muito ocupado no trabalho. Parece que a loja vai bem demais.
— E o Percy? — quis saber Harry. Ele tinha se afastado do resto da família. — Já voltou a falar com seu pai e sua mãe?
— Não.
— Mas ele sabe que o seu pai tinha razão sobre o retorno de Voldemort...
— Dumbledore diz que as pessoas acham mais fácil perdoar os outros quando estão errados do que quando estão certos — lembrou Hermione. — Eu o ouvi dizendo isso à sua mãe, Rony.
— Parece o tipo de frase “cabeça” que Dumbledore diria — sentenciou ele.
— Este ano ele vai me dar aulas particulares — informou Harry em tom descontraído. Rony engasgou com a torrada e Hermione ofegou.
— E você ficou na moita! — exclamou Rony.
— Só me lembrei agora — respondeu Harry com sinceridade. — Ele me disse ontem à noite no barracão das vassouras.
— Caramba... aulas particulares com Dumbledore! — Rony ficou impressionado. — Por que será que ele...
Sua voz foi sumindo. Harry viu os dois amigos se entreolharem. O garoto descansou a faca e o garfo, o coração acelerado, considerando que estava apenas sentado numa cama. Dumbledore o aconselhara a contar... por que não agora? Ele fixou o olhar no garfo que refletia os raios de sol sobre o seu colo e disse:
— Não sei exatamente por que ele vai me dar aulas, mas acho que deve ser por causa da profecia.
Nem Rony nem Hermione falaram. Harry teve a impressão de que os dois tinham congelado. Ele continuou, ainda se dirigindo ao garfo:
— Aquela que estavam tentando roubar do Ministério.
— Mas ninguém sabe o que dizia — argumentou Hermione. — Quebrou-se.
— Embora o Profeta diga que... — começou Rony, mas Hermione pediu silêncio.
— O Profeta acertou — confirmou Harry, fazendo um grande esforço para encarar os amigos; Hermione parecia assustada e Rony admirado. — O globo de vidro que quebrou não era o único registro da profecia. Eu a ouvi completa no gabinete de Dumbledore, foi para ele que fizeram a profecia, daí ele pôde me contar. Pelo que dizia — Harry tomou fôlego —, sou eu que tenho de liquidar o Voldemort... pelo menos ela dizia que nenhum dos dois poderia viver enquanto o outro sobrevivesse.
Os três se fitaram em silêncio por um momento. Ouviram, então, um estampido forte e Hermione desapareceu em uma baforada de fumaça negra.
— Hermione! — gritaram Harry e Rony; a bandeja com o café da manhã escorregou e bateu no chão com estrondo.
Hermione reapareceu, tossindo, envolta em fumaça, ainda segurando o telescópio e exibindo um olho roxo berrante.
— Eu apertei isso e... e recebi um soco! — arquejou a garota.
E sem a menor dúvida, eles viam agora um punho minúsculo preso a uma comprida mola que saía da ponta do telescópio.
— Não se preocupe — tranqüilizou-a Rony, tentando visivelmente não cair na gargalhada. — Mamãe dará um jeito no seu olho, ela é ótima para curar pequenos machucados...
— Ah, esqueçam isso agora! — apressou-se Hermione a dizer. — Harry, ah, Harry... Ela tornou a sentar na beira da cama.
— Ficamos imaginando, quando voltamos do Ministério... é óbvio que não quisemos lhe dizer nada, mas, pelo que Lúcio Malfoy disse sobre a profecia, que era sobre você e o Voldemort, bem, achamos que devia ser uma coisa assim... ah, Harry... — Ela encarou-o e sussurrou: — Você está apavorado?
— Não tanto quanto já estive. Quando ouvi a profecia pela primeira vez, sim... mas agora tenho a sensação de que já sabia que no fim eu teria de enfrentar Voldemort...
— Quando ouvimos dizer que Dumbledore ia apanhar você pessoalmente, achamos que talvez fosse lhe dizer alguma coisa, ou mostrar alguma coisa com relação à profecia — disse Rony ansioso. — E tínhamos uma certa razão, não é? Ele não iria lhe dar aulas se achasse que você já era, não iria perder tempo: então deve achar que você tem uma chance!
— É verdade — disse Hermione. — Que será que ele vai lhe ensinar, Harry? Magia defensiva muito avançada, provavelmente... contra-maldições poderosas... contra-feitiços...
Harry não estava realmente ouvindo. Sentia-se invadir por um calor que não vinha do sol; um bloqueio em seu peito parecia estar se dissolvendo. Sabia que Rony e Hermione estavam mais chocados do que demonstravam, mas o fato de continuarem a seu lado, consolando-o com palavras animadoras, sem fugir dele como se pudesse contagiá-los ou oferecer perigo, valia mais do que jamais poderia dizer a eles.
— ...e encantamentos evasivos de maneira geral — concluiu Hermione. — Bem, pelo menos você já sabe uma das matérias que vai estudar este ano, o que é mais do que o Rony e eu sabemos. Quando será que vão chegar os resultados dos nossos N.O.M.s?
— Devem estar chegando, já faz um mês — disse Rony.
— Calma aí — atalhou Harry, lembrando-se de mais uma parte da conversa da noite anterior. — Acho que Dumbledore falou que os resultados iriam chegar hoje!
— Hoje! — esganiçou-se Hermione. — Hoje? Mas por que você não... ah, meu Deus... você devia ter dito...
Ela se levantou depressa.
— Vou ver se chegou alguma coruja...
Mas quando Harry chegou ao térreo, dez minutos depois, todo vestido e carregando a bandeja vazia do café, encontrou Hermione sentada à mesa da cozinha muito agitada, enquanto a Sra. Weasley tentava dar um jeito em sua cara de urso panda de um olho só.
— Não quer sair — dizia ansiosa a Sra. Weasley, ao lado de Hermione, com a varinha na mão e um exemplar de O curandeiro aprendiz aberto no capítulo “Hematomas, cortes e escoriações”. — Isto sempre funcionou antes, não consigo entender.
— Deve ser a idéia de brincadeira engraçada de Fred e Jorge, garantir que não saia — comentou Gina.
— Mas tem de sair! — guinchou Hermione. — Não posso andar por aí com uma cara dessa para sempre.
— Você não vai, querida, vamos encontrar um antídoto, não se preocupe — tranqüilizou-a a Sra. Weasley.
— Gui me contu que Frred e Jorrge son mui te engrraçades! — disse Fleur, sorrindo calmamente.
— São, sim, nem consigo respirar de tanto rir — retrucou Hermione. Ela se pôs de pé de repente e começou a dar voltas e mais voltas pela cozinha, girando os dedos.
— Sra. Weasley, a senhora tem absoluta certeza de que não chegou nenhuma coruja hoje de manhã?
— Claro, querida, eu teria visto — respondeu a bruxa pacientemente. — Mas mal acabou de dar nove horas, tem muito tempo ainda...
— Eu sei que fiz besteira em Runas Antigas — murmurou Hermione febril. — Decididamente fiz no mínimo um erro grave de tradução. E o exame prático de Defesa contra as Artes das Trevas foi péssimo. No dia, achei que tinha me dado bem em Transfiguração, mas pensando melhor...
— Hermione, quer fazer o favor de calar a boca, você não é a única que está nervosa! — falou Rony com rispidez. — E quando receber os seus onze “ótimos” nos N.O.M.s...
— Não, não, não! — exclamou Hermione, agitando as mãos histericamente. — Sei que não passei em nada!
— E o que acontece se a gente não passar? — perguntou Harry, sem se dirigir a ninguém em particular, mas Hermione respondeu outra vez.
— Discutimos as opções com a diretora da Casa, perguntei à professora McGonagall no fim do trimestre passado.
Harry sentiu o estômago revirar. Gostaria de ter comido menos ao café da manhã.
— An Beaubattons — disse Fleur com superioridade —, fazems tude diferrante. Ache qu erra melhorr. Prrestávams exams depôs de sês ans de estude e non cinque come aqui, e depôs...
As palavras de Fleur foram abafadas por um grito. Hermione estava apontando para a janela da cozinha. Viam-se três pontos negros no céu, cada vez maiores.
— Positivamente são corujas — falou Rony rouco, pulando da mesa para se juntar à amiga na janela.
— E são três — acrescentou Harry, correndo para o outro lado da amiga.
— Uma para cada um de nós — disse Hermione num sussurro aterrorizado. — Ah, não... ah, não... ah, não...
Ela agarrou os cotovelos de Harry e Rony.
As aves estavam voando diretamente para A Toca, três belas corujas pardas, cada uma — tornou-se visível quando sobrevoaram a entrada da casa — trazia um grande envelope quadrado.
— Ah, não! — guinchou Hermione.
A Sra. Weasley tomou a frente dos garotos e abriu a janela da cozinha. Uma, duas, três corujas entraram voando e pousaram na mesa em fila. As três estenderam a perna direita.
Harry se adiantou. A carta endereçada a ele estava presa à perna da coruja do meio. Ele desamarrou-a, atrapalhado. À sua esquerda, Rony tentava soltar as próprias notas; à direita, as mãos de Hermione tremiam tanto que ela fazia a coruja inteira tremer.
Ninguém na cozinha falou. Por fim, Harry conseguiu desprender o envelope. Abriu-o ligeiro e desdobrou o pergaminho que havia dentro.
RESULTADOS NOS NÍVEIS ORDINÁRIOS EM MAGIA
Notas de aprovação:
Ótimo (O)
Excede Expectativas (E)
Aceitável (A)
Notas de reprovação:
Péssimo (P)
Deplorável (D)
Trasgo (T)
RESULTADOS OBTIDOS POR HARRY POTTER
Adivinhação P
Astronomia A
Defesa contra as Artes das Trevas O
Feitiços E
Herbologia E
História da Magia D
Poções E
Transfiguração E
Trato das Criaturas Mágicas E
Harry leu o pergaminho todo várias vezes, começando a respirar aliviado a cada leitura. Tudo bem: sempre soube que não iria passar em Adivinhação, e não tivera chance de passar em História da Magia, uma vez que desmaiara no meio do exame, mas passara em todo o resto! Correu o dedo pelas notas... fora bem em Transfiguração e Herbologia, e até excedera a expectativa em Poções! E o melhor de tudo, recebera “Ótimo” em Defesa contra as Artes das Trevas!
Olhou para os lados. Hermione estava de costas e cabeça baixa, mas Rony parecia muito feliz.
— Só não passei em Adivinhação e História da Magia, mas quem se importa — comentou alegremente com Harry. — Aqui... vamos trocar...
Harry passou os olhos pelas notas de Rony: não havia nenhum “Ótimo”...
— Eu sabia que você ia tirar a nota máxima em Defesa contra as Artes das Trevas — disse ele, dando um soco no ombro de Harry. — Nos saímos bem, não?
— Parabéns! — exclamou a Sra. Weasley orgulhosa, arrepiando os cabelos de Rony. — Sete N.O.M.s, é mais do que Fred e Jorge tiraram juntos!
— Hermione? — perguntou Gina hesitante, porque a amiga ainda não se virara. — E você, como foi?
— Eu... nada mal — respondeu Hermione muito baixinho.
— Ah, corta essa — rebateu Rony se aproximando e puxando os resultados da mão dela. — É: nove “Ótimo” e um “Excede Expectativas” em Defesa contra as Artes das Trevas. — E, encarando-a meio risonho, meio exasperado. — Você está realmente desapontada, não é?
Hermione sacudiu negativamente a cabeça, mas Harry riu.
— Bem, agora somos alunos do N.I.E.M.! — exclamou Rony sorridente. — Mamãe, ainda tem salsichas?
Harry tornou a ler os seus resultados. Eram tão bons quanto poderia ter esperado. Só sentia uma pontadinha de arrependimento... era o fim de sua ambição de ser auror. Não obtivera a nota exigida em Poções. Soubera o tempo todo que não conseguiria, mas sentiu o estômago afundar ao olhar mais uma vez para o pequeno “E” preto.
Era bem estranho, visto que tinha sido um Comensal da Morte disfarçado quem dissera pela primeira vez que Harry daria um bom auror, que a idéia o tivesse conquistado e ele não conseguisse realmente pensar em outra profissão futura. Além disso, tinha lhe parecido o destino certo para ele desde que ouvira a profecia há um mês... nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver... não estaria assim cumprindo a profecia e dando a si mesmo a melhor chance de sobreviver, se entrasse para o grupo de bruxos altamente treinados cuja função era encontrar e matar Voldemort?