Posted by : Unknown junho 05, 2014

Capítulo 35


Harry sentiu que caía chapado no chão, seu rosto comprimiu a grama, cujo cheiro invadiu suas narinas. Ele fechara os olhos enquanto a Chave do Portal o transportava, e os mantinha fechados até aquele momento. Não se mexeu.
Todo o ar parecia ter sido expulso dos seus pulmões, sua cabeça rodava tanto que ele sentia o chão balançar sob seu corpo como se fosse o convés de um navio.
Para se firmar, apertou com mais força as duas coisas que continuava a segurar, a asa lisa e fria da Taça Tribruxo e o corpo de Cedrico. Tinha a sensação de que ia deslizar para a escuridão que se formava na periferia do seu cérebro se largasse qualquer das duas.
O choque e a exaustão o mantiveram no chão, inspirando o cheiro de grama, esperando... Esperando que alguém fizesse alguma coisa... Que alguma coisa acontecesse... E, todo o tempo, sua cicatriz ardia surdamente em sua testa...
Uma enxurrada de sons o ensurdeceu e confundiu, havia vozes por toda parte, passos, gritos... Ele continuou onde estava, o rosto contraído contra o barulho, como se aquilo fosse um pesadelo que ia passar...
Então duas mãos o agarraram com uma certa violência e o viraram de barriga para cima.
— Harry! Harry!
O garoto abriu os olhos.
Estava olhando para o céu estrelado e Alvo Dumbledore se debruçava sobre ele. As sombras escuras das pessoas que se aglomeravam ao seu redor se aproximavam, Harry sentiu o chão sob sua cabeça vibrar com a aproximação dos seus passos.
Ele voltara ao exterior do labirinto. Via as arquibancadas no alto, os vultos das pessoas que se movimentavam nelas, as estrelas no céu. Harry largou a Taça, mas segurou Cedrico mais junto dele e com mais força. Ergueu a mão livre e agarrou o pulso de Dumbledore, enquanto o rosto do bruxo saía de foco e tornava a entrar.
— Ele voltou — sussurrou Harry — Ele voltou. Voldemort.
— Que está acontecendo? Que está acontecendo?
O rosto de Cornélio Fudge apareceu invertido sobre Harry; parecia pálido e perplexo.
— Meu Deus, Diggory! — murmurou. — Dumbledore, ele está morto!
Essas palavras foram repetidas, as sombras que se comprimiam ao redor deles as exclamaram para as mais próximas... Depois outras as gritaram, guincharam — para a noite "Ele está morto!" "Ele está morto!" "Cedrico Diggory! Morto!”
— Harry, solte-o — ele ouviu Fudge dizer, e sentiu dedos que tentavam forçar os seus a se abrirem para soltar o corpo inerte de Cedrico, mas Harry resistiu.
Então o rosto de Dumbledore, que continuava borrado e difuso, se aproximou.
— Harry, você não pode mais ajudá-lo. Terminou. Solte-o.
— Ele queria que eu o trouxesse de volta — murmurou Harry, pareceu-lhe importante explicar isso. — Ele queria que eu o trouxesse de volta para os pais...
— Certo, Harry... Agora solte-o...
Dumbledore se curvou e, com uma força extraordinária para um homem tão velho e magro, ergueu Harry do chão e o pôs de pé. Harry oscilou. Sua cabeça latejava com força. Sua perna machucada não queria mais sustentar o seu peso.
As pessoas aglomeradas ao redor se acotovelavam, tentando chegar mais próximo, empurrando sombriamente.
— Que foi que houve?
— Que aconteceu com ele?
— Diggory está morto!
— Ele precisa ir para a ala hospitalar! — dizia Fudge em voz alta. — Ele está mal, está ferido, Dumbledore, os pais de Diggory estão aqui, estão nas arquibancadas...
— Eu levo Harry, Dumbledore, eu o levo...
— Não, eu prefiro... Que deve lhe contar... Antes que ele veja...?
— Dumbledore, Amos Diggory está correndo... Está vindo para cá. — Harry, fique aqui...
Garotas gritavam, soluçavam, histéricas... A cena lampejava estranhamente diante dos olhos de Harry...
— Está tudo bem, filho, estou com você... Vamos... Ala hospitalar...
— Dumbledore disse para eu ficar — disse Harry com a fala pastosa, a palpitação na cicatriz fazendo-o sentir vontade de vomitar, sua visão mais borrada que nunca.
— Você precisa se deitar... Vamos, agora...
Alguém maior e mais forte do que ele, meio que o puxou, meio que o carregou entre os espectadores assustados, Harry ouvia as pessoas exclamarem, gritarem e berrarem à medida que o homem que o segurava abria caminho por elas, levando o garoto para o castelo. Atravessaram o gramado, passaram o lago e o navio de Durmstrang, Harry não ouvia nada, exceto a respiração ruidosa do homem que o ajudava a caminhar.
— Que aconteceu, Harry? — perguntou o homem finalmente, erguendo-o para galgar os degraus de pedra da entrada. Toque. Toque. Toque. Era Olho-Tonto Moody.
— A Taça era uma Chave de Portal — disse Harry ao atravessarem o saguão de entrada. — Nos levou para um cemitério... E Voldemort estava lá... Lord Voldemort...
Toque. Toque. Toque. Escadaria de mármore acima...
— O Lord das Trevas estava lá? Que aconteceu depois?
— Matou Cedrico... Mataram Cedrico...
— E então?
Toque. Toque. Toque. Pelo corredor...
— Preparou uma poção... Recuperou o corpo dele...
— O Lord das Trevas recuperou o corpo? Ele voltou?
— E os Comensais da Morte vieram... Depois nós duelamos...
— Você duelou com o Lord das Trevas?
— Escapei... Minha varinha... Fez uma coisa engraçada... Vi meu pai e minha mãe... Eles saíram da varinha dele...
— Aqui dentro, Harry... Aqui dentro, e sente-se... Você vai ficar bom agora... Beba isso... Harry ouviu uma chave girar na fechadura e sentiu que empurravam um copo em suas mãos.
— Beba isso... Você vai se sentir melhor... Vamos Harry, preciso saber exatamente o que aconteceu...
Moody ajudou a virar a poção na boca de Harry; o garoto tossiu, um gosto apimentado queimou sua garganta. A sala de Moody entrou em foco, bem como o próprio Moody... Ele parecia tão pálido quanto Fudge, e seus dois olhos estavam fixos, sem piscar, no rosto de Harry.
— Voldemort voltou Harry? Você tem certeza de que voltou? Como foi que ele fez isso?
— Ele apanhou uma coisa no túmulo do pai dele, depois do Rabicho e de mim. — Sua cabeça estava clareando, sua cicatriz já não doía tanto, agora conseguia ver o rosto de Moody nitidamente, embora a sala estivesse escura.
Ainda se ouviam berros e gritos vindos do distante campo de Quadribol.
— Que foi que o Lord das Trevas tirou de você? — perguntou Moody.
— Sangue — respondeu Harry erguendo o braço. A manga estava rasgada no lugar em que o punhal de Rabicho a cortara. Moody deixou escapar um assobio longo e baixo.
— E os Comensais da Morte? Voltaram?
— Voltaram. Montes deles...
— Como foi que ele os tratou? — perguntou Moody baixinho. — Ele lhes perdoou?
Mas Harry de repente se lembrou. Devia ter contado a Dumbledore, devia ter dito logo de saída...
— Tem um Comensal da Morte em Hogwarts! Tem um Comensal da Morte aqui, ele pôs o meu nome no Cálice de Fogo, certificou-se de que eu chegasse até o fim...
Harry tentou se levantar, mas Moody o obrigou a sentar-se outra vez.
— Eu sei quem é o Comensal da Morte — disse ele em voz baixa.
— Karkaroff? — disse Harry agitado. — Onde é que ele está? O senhor o pegou? Ele está preso?
— Karkaroff? — disse Moody com uma risada estranha. — Karkaroff fugiu esta noite, quando sentiu a Marca Negra arder no braço. Ele traiu um número grande demais de seguidores fiéis do Lord das Trevas para querer reencontrá-los... Mas duvido que chegue muito longe. O Lord das Trevas tem maneiras de seguir seus Inimigos.
— Karkaroff foi embora? Fugiu? Mas então... Ele não pôs o meu nome no Cálice de Fogo?
— Não — disse Moody lentamente. — Não, não pôs. Fui eu quem pôs.
Harry ouviu, mas não acreditou.
— Não, o senhor não pôs. O senhor não fez isso... Não pode ter feito...
— Garanto a você que fiz — disse Moody e seu olho mágico deu uma volta completa e se fixou na porta, e Harry percebeu que ele estava se certificando de que não havia ninguém do lado de fora. Ao mesmo tempo, Moody puxou a varinha e apontou-a para o garoto.
— E ele lhes perdoou, então? Os Comensais da Morte continuaram livres? Os que escaparam de Azkaban?
— Quê? — exclamou Harry.
Ele olhou a varinha que Moody apontava para ele. Aquilo era uma piada de mau gosto, tinha que ser.
— Eu lhe perguntei — disse Moody calmamente — se ele perdoou a ralé que jamais foi procurá-lo. Aqueles traidores covardes que sequer arriscaram ser mandados para Azkaban por ele. Os porcos desleais e imprestáveis que tiveram coragem suficiente para desfilar de máscaras na Copa Mundial de Quadribol, mas fugiram ao ver a Marca Negra quando eu a projetei no céu.
— O senhor projetou... Do que é que o senhor está falando...?
— Eu já lhe disse, Harry.. Eu já lhe disse. Se tem uma coisa que eu detesto mais no mundo é um Comensal da Morte que foi absolvido. Viraram as costas ao meu amo quando ele mais precisava deles. Eu esperei que ele os castigasse. Esperei que ele os torturasse. Me diga que ele os machucou, Harry... — O rosto de Moody se iluminou de repente com um sorriso demente. — Me diga que ele disse a todos que eu, somente eu, permaneci fiel... Preparado para arriscar tudo para entregar em suas mãos o que ele mais queria... Você.
— O senhor não fez... Isso, não pode ser o senhor...
— Quem pôs o seu nome no Cálice de Fogo com o nome de uma escola diferente? Fui eu, sim. Quem afugentou cada pessoa que julguei que poderia machucá-lo ou impedir que você ganhasse o torneio? Fui eu, sim. Quem encorajou Hagrid a lhe mostrar os dragões? Fui eu, sim. Quem fez você ver a única maneira de vencer o dragão? Fui eu, sim.
O olho mágico de Moody se desviou então da porta. Fixou-se em Harry. Sua boca torta ria mais desdenhosa e abertamente que nunca.
— Não foi fácil, Harry, orientá-lo durante aquelas tarefas sem despertar suspeitas. Tive de usar cada grama de astúcia que possuo para não deixar transparecer o meu dedo no seu sucesso. Dumbledore teria ficado desconfiadíssimo se você conseguisse tudo com muita facilidade. Desde que você entrasse no labirinto, de preferência com uma boa dianteira, então, eu sabia que teria uma chance de me livrar dos outros campeões e deixar o seu caminho desimpedido. Mas tive também de lutar contra a sua burrice. A segunda tarefa... Foi a que tive mais medo que você fracassasse. Eu fiquei vigiando-o, Potter. Eu sabia que você não tinha decifrado a pista do ovo, por isso tive que lhe dar mais uma sugestão...
— O senhor não deu — disse Harry rouco. — Cedrico me deu a pista...
— Quem disse a Cedrico para abrir o ovo dentro da água? Fui eu. Confiei que ele passaria a informação a você. Gente decente é tão fácil de manipular, Potter. Eu tinha certeza de que Cedrico iria querer retribuir o favor de tê-lo informado sobre os dragões, e foi o que ele fez. Mas, mesmo assim, Potter, parecia que você ia fracassar. Fiquei vigiando-o o tempo todo... Todas àquelas horas na biblioteca.
— Você não percebeu que o livro de que precisava estava no seu dormitório o tempo todo? Eu o coloquei lá mais cedo, dei-o ao garoto Longbottom, não se lembra? Plantas Mediterrâneas e Suas Propriedades Mágicas. Ele teria lhe informado tudo que você precisava saber sobre o guelricho. Eu esperava que você pedisse ajuda a qualquer um e a todos. Longbottom teria lhe dito na mesma hora. Mas você não pediu... Você não pediu... Você tem um traço de orgulho e independência que poderia ter estragado tudo.
— Então o que é que eu podia fazer? Mandar-lhe a informação por intermédio de outra fonte inocente. Você me contou no Baile de Inverno que um elfo doméstico, chamado Dobby, lhe dera um presente de Natal. Eu chamei o elfo à sala dos professores para apanhar umas vestes para lavar. Encenei uma conversa em voz alta com a Professora McGonagall sobre os reféns que seriam usados na tarefa e se Potter pensaria em comer guelricho. E o seu amiguinho elfo correu direto para o armário de Snape e foi depressa procurar você...
A varinha de Moody continuava apontada diretamente para o coração de Harry. Por cima do ombro do professor, sombras indistintas se moviam no Espelho-de-Inimigos pendurado na parede.
— Você ficou tanto tempo no lago, Potter, que eu pensei que tinha se afogado. Mas, por sorte, Dumbledore tomou a sua burrice por nobreza e lhe deu uma nota alta. Eu respirei mais uma vez aliviado. Esta noite, você teve uma tarefa mais fácil no labirinto do que deveria, é claro, — disse Moody. — Isto foi porque eu estava patrulhando do lado de fora, e podia ver as sebes mais externas, e pude destruir muitos obstáculos no seu caminho. Eu estuporei Fleur Delacour quando ela passou. Lancei a Maldição Imperius em Krum para ele acabar com Diggory e deixar o seu caminho livre até a Taça.
Harry encarava Moody. Não conseguia entender como podia ser aquilo... O amigo de Dumbledore, o famoso auror... Aquele que capturara tantos Comensais da Morte... Não fazia sentido... Nem um pingo...
As sombras no Espelho-de-Inimigos se acentuavam, se tornando mais nítidas. Harry via, por cima do ombro de Moody, o contorno de três pessoas, que se aproximavam cada vez mais. Mas o professor não as vigiava. Seu olho mágico estava fixo em Harry.
— O Lord das Trevas não conseguiu matá-lo, Potter, e ele queria tanto! — sussurrou Moody. — Imagine a recompensa que me dará, quando descobrir que fiz isso por ele. Entreguei-o a ele, a coisa de que ele mais precisava para se regenerar, e depois matei-o para ele. Vou receber mais honrarias do que todos os outros Comensais da Morte. Serei seu seguidor mais querido, mais chegado... Mais próximo do que um filho...
O olho normal de Moody estava esbugalhado, o olho mágico fixo em Harry.
A porta continuava trancada e Harry sabia que jamais pegaria a própria varinha a tempo...
— O Lord das Trevas e eu — disse Moody, e agora parecia completamente enlouquecido, agigantando-se sobre Harry, olhando-o com desdém — temos muito em comum. Nós dois, por exemplo, tivemos pais que nos desapontaram muito... Muito mesmo. Nós dois sofremos a indignidade, Harry, de receber o nome desses pais. E nós dois tivemos o prazer... O imenso prazer... De matar nossos pais para garantir a ascensão contínua da Ordem das Trevas!
— O senhor enlouqueceu — disse Harry, o garoto não conseguiu se conter — o senhor enlouqueceu!
— Enlouqueci, eu? — a voz de Moody se alteou descontrolada. — Veremos! Veremos quem enlouqueceu, agora que o Lord das Trevas voltou, comigo ao seu lado! Ele voltou Harry Potter, você não o derrotou, e agora, eu derroto você!
Moody ergueu a varinha, abriu a boca, Harry mergulhou a mão nas vestes...
— Estupefaça! — Houve um lampejo ofuscante de luz vermelha, e, com grande fragor de madeira estilhaçada, a porta da sala de Moody rachou ao meio...
Moody foi atirado de costas ao chão. Harry, ainda fitando o lugar em que estivera o rosto de Moody, viu Alvo Dumbledore, o Professor Snape e a Professora McGonagall mirando-o do Espelho-de-Inimigos.
O garoto virou-se para os lados e viu os três parados à porta, o diretor à frente, a varinha em punho. Naquele momento, Harry compreendeu totalmente, pela primeira vez, por que as pessoas diziam que Dumbledore era o único bruxo que Voldemort temia. A expressão no rosto dele quando olhou para a forma inconsciente de Olho-Tonto Moody era mais terrível do que Harry poderia jamais imaginar.
Não havia sorriso bondoso no rosto do diretor, não havia cintilação nos olhos atrás dos óculos. Havia uma fúria gelada em cada ruga daquele rosto velho, ele irradiava uma aura de poder como se Dumbledore desprendesse um calor de brasas vivas.
O diretor entrou na sala, enfiou um pé sob o corpo inconsciente de Moody e virou-o de barriga para cima, de modo que seu rosto ficasse visível. Snape entrou em seguida, olhando o Espelho-de-Inimigos, no qual seu próprio rosto ainda era visível, examinando a sala. A Professora McGonagall dirigiu-se imediatamente a Harry.
— Vamos, Potter — sussurrou ela. A linha fina de seus lábios tremia como se ela estivesse à beira das lágrimas. — Vamos... Ala hospitalar...
— Não — disse Dumbledore energicamente.
— Dumbledore, ele precisa, olhe só para ele, já sofreu bastante esta noite...
— Ele fica Minerva, porque precisa compreender — respondeu o diretor secamente. — Compreender é o primeiro passo para aceitar, e somente aceitando ele pode se recuperar. Precisa saber o que o fez passar pela provação desta noite e o porquê.
— Moody — disse Harry. Ele continuava num estado da mais completa descrença. — Como pode ter sido Moody?
— Este não é Alastor Moody — disse Dumbledore em voz baixa. — Você jamais conheceu Alastor Moody. O verdadeiro Moody não teria retirado você das minhas vistas depois do que aconteceu hoje à noite. No instante em que ele o levou, eu compreendi, e o segui.
Dumbledore se curvou para a forma inerte de Moody e meteu a mão nas vestes do bruxo. Tirou o frasco de bolso de Moody e uma penca de chaves numa argola. Depois se voltou para a Professora McGonagall e Snape.
— Severo, por favor, vá buscar a Poção da Verdade mais forte que você tiver, depois vá à cozinha e me traga aqui o elfo doméstico chamado Winky. Minerva, por favor, desça à casa de Hagrid, onde você encontrará um enorme cão preto sentado no canteiro de abóboras. Leve o cão ao meu escritório, diga-lhe que irei vê-lo daqui a pouco, depois volte aqui.
Se Snape ou Minerva acharam essas instruções estranhas, eles ocultaram sua confusão. Os dois se viraram na mesma hora e saíram da sala. Dumbledore aproximou-se do malão com as sete fechaduras, enfiou a primeira chave na fechadura e abriu-o. O malão continha uma profusão de livros de feitiços. Em seguida o diretor fechou-o, enfiou a segunda chave na segunda fechadura e tornou a abrir o malão.
Os livros de feitiços haviam desaparecido, desta vez o malão continha uma variedade de bisbilhoscópios, algumas folhas de pergaminho e penas, e algo que lembrava uma Capa da Invisibilidade.
Harry observou, espantado, Dumbledore enfiar a terceira, quarta, quinta e sexta chaves nas fechaduras e reabrir o malão que, a cada vez, revelava conteúdos diferentes. Por fim, enfiou a sétima chave na fechadura, escancarou a tampa e Harry deixou escapar um grito de assombro.
O garoto deparou com uma espécie de poço, uma sala subterrânea e, deitado no chão, bem um metro abaixo, aparentemente em sono profundo, magro e de aparência faminta, encontrava-se o verdadeiro Olho-Tonto Moody. Faltava-lhe a perna de pau, e a órbita em que deveria estar o olho mágico parecia vazia sob a pálpebra e lhe faltavam chumaços de cabelos grisalhos. Harry correu os olhos arregalados e perplexos do Moody que dormia no malão para o Moody inconsciente caído no chão da sala.
Dumbledore entrou no malão, desceu o corpo e caiu de leve no chão ao lado do Moody adormecido. Curvou-se para ele.
— Estuporado, controlado pela Maldição Imperius, muito fraco. — disse. — Naturalmente, precisariam mantê-lo vivo. Harry me atire a capa do impostor, Alastor está congelando. Madame Pomfrey precisará examiná-lo, mas ele não parece correr perigo imediato.
Harry fez o que o diretor lhe pediu, Dumbledore cobriu Moody com a capa, prendeu-a em volta do corpo do bruxo e tornou a sair do malão. Em seguida apanhou o frasco de bolso que estava sobre a escrivaninha, tirou a tampa e virou-o.
Um líquido espesso e viscoso se espalhou pelo chão da sala.
— Poção Polissuco, Harry. Vê a simplicidade e a genialidade da coisa. Porque Moody jamais bebe nada a não ser do frasco de bolso, todo mundo sabe disso. O impostor precisou, é claro, manter o verdadeiro Moody por perto para poder continuar a preparar a poção. Está vendo os cabelos dele... — Dumbledore olhou para o Moody no malão. — O impostor andou cortando-os o ano inteiro, está vendo as falhas? Mas acho que, na excitação de hoje à noite, o falso Moody talvez tenha esquecido de tomar a poção com a necessária freqüência... Na hora certa... A cada hora... Veremos.
Dumbledore puxou a cadeira atrás da escrivaninha e se sentou, os olhos fixos no Moody inconsciente no chão. Harry também ficou olhando. Os minutos se passaram em silêncio...
Então, diante dos olhos de Harry, o rosto do homem no chão começou a mudar. As cicatrizes foram desaparecendo, a pele foi se tornando lisa, o nariz mutilado ficou inteiro e começou a diminuir de tamanho. A longa juba de cabelos grisalhos foi se retraindo para o couro cabeludo e se alourando. De repente, com um forte baque, a perna de pau caiu e uma perna normal apareceu em seu lugar; no momento seguinte, o olho mágico saltou do rosto do homem e um olho verdadeiro o substituiu, o olho mágico saiu rolando pelo chão e continuou a girar em todas as direções.
Harry viu caído à sua frente um homem de pele muito clara, ligeiramente sardento, com cabelos bastos e louros. O garoto sabia quem era. Vira-o na Penseira de Dumbledore, assistira a ele ser retirado do tribunal pelos dementadores, tentando convencer o Sr. Crouch de que era inocente... Mas agora tinha rugas em torno dos olhos, e parecia bem mais velho...
Ouviram-se passos apressados no corredor. Snape retornava com Winky em seus calcanhares. A Professora McGonagall vinha logo atrás.
— Crouch! — exclamou Snape, parando de chofre à porta. — Bartô Crouch!
— Nossa! — exclamou a Professora McGonagall, parando de chofre ao ver o homem no chão. Imunda, descabelada, Winky espiou por entre as pernas de Snape. Ela abriu uma boca enorme e deixou escapar um grito esganiçado.
— Menino Bartô, menino Bartô, que é que o senhor está fazendo aqui?
Ela se atirou ao peito do rapaz.
— Vocês mataram ele! Vocês mataram ele! Vocês mataram o filho do meu amo!
— Ele está apenas estuporado, Winky — disse Dumbledore. — Afaste-se, por favor. Severo, trouxe a poção?
Snape entregou a Dumbledore um pequeno frasco com um líquido muito transparente, o Veritaserum que o professor ameaçara fazer Harry beber na sala dele. Dumbledore se levantou, se debruçou sobre o homem e o aprumou contra a parede sob o Espelho-de-Inimigos, no qual as imagens de Dumbledore, Snape e McGonagall continuavam a observar tudo. Winky permaneceu de joelhos, tremendo, as mãos cobrindo o rosto. Dumbledore abriu a boca do homem à força e despejou nela três gotas da poção. Depois, apontou a varinha para o peito do homem e disse:
— Enervate!
O filho de Crouch abriu os olhos. Seu rosto estava flácido, seu olhar desfocado. Dumbledore se ajoelhou diante dele, de modo que seus rostos ficassem no mesmo plano.
— Você está me ouvindo? — perguntou o diretor em voz baixa.
Os olhos do homem piscaram.
— Estou — murmurou.
— Gostaria que nos dissesse — pediu Dumbledore — como veio parar aqui. Como fugiu de Azkaban?
Crouch inspirou profundamente, estremecendo, e em seguida começou a falar numa voz sem inflexões nem emoção.
— Minha mãe me salvou. Ela sabia que estava morrendo. Convenceu meu pai a me tirar de lá como um último favor. Ele a amava como nunca me amara. E concordou. Os dois foram me visitar. Me deram uma dose da Poção Polissuco, contendo um fio de cabelo de minha mãe. Ela tomou uma dose da poção, contendo um fio de cabelo meu. Assumimos a forma um do outro.
Winky balançava a cabeça, tremendo.
— Não diga mais nada Menino Bartô, não diga mais nada, você está metendo seu pai em confusão!
Mas Crouch inspirou mais uma vez profundamente e continuou com a mesma voz sem emoção.
— Os dementadores são cegos. Eles perceberam uma pessoa saudável e uma pessoa doente entrando em Azkaban. Depois, perceberam uma pessoa saudável e uma pessoa doente deixando a prisão. Meu pai me contrabandeou para fora, disfarçado de minha mãe, para o caso de algum prisioneiro estar observando da cela.
— Minha mãe morreu pouco depois em Azkaban. Teve o cuidado de beber a Poção Polissuco até o fim. Foi enterrada com o meu nome e a minha aparência. Todos acreditaram que ela era eu.
As pálpebras do homem piscaram.
— E o que foi que seu pai fez com você, quando chegaram em casa? — perguntou Dumbledore.
— Encenou a morte de minha mãe. Um enterro discreto e íntimo. Aquele túmulo está vazio. O elfo doméstico cuidou de mim até eu ficar bom. Depois tive que ser escondido. Tive que ser controlado. Meu pai teve que usar vários feitiços para me dominar. Quando recuperei a saúde, só pensei em encontrar o meu amo... Em voltar para o seu serviço.
— Como foi que seu pai o dominou? — perguntou Dumbledore.
— A Maldição Imperius. Fiquei sob o domínio do meu pai. Fui forçado a usar uma Capa da Invisibilidade dia e noite. Sempre em companhia do elfo doméstico. Era ela quem me cuidava e guardava. Tinha pena de mim. Convenceu meu pai a me dar regalias ocasionais. Prêmios pelo meu bom comportamento.
— Menino Bartô, Menino Bartô — soluçou Winky entre os dedos. — Você não devia contar a eles, está nos metendo em apuros...
— Alguém descobriu que você continuava vivo? — perguntou Dumbledore brandamente. — Alguém sabia disso, além do seu pai e do elfo doméstico?
— Sabia. — Suas pálpebras tornaram a piscar. — Uma bruxa do escritório do meu pai, Berta Jorkins. Ela veio um dia em casa trazer papéis para o meu pai assinar. Ele não estava. Winky mandou-a entrar e voltou para a cozinha, para mim. Mas Berta Jorkins ouviu o elfo conversando comigo. Foi investigar. Ouviu o suficiente para adivinhar que eu estava escondido sob uma Capa da Invisibilidade. Meu pai chegou em casa. Ela o confrontou. Ele lançou nela um Feitiço da Memória fortíssimo para fazê-la esquecer o que descobrira. Forte demais. Ele disse que danificou permanentemente a memória dela.
— Por que ela foi bisbilhotar os negócios particulares do meu amo? — soluçou Winky. — Por que não deixou a gente em paz?
— Fale-me sobre a Copa Mundial de Quadribol — ordenou Dumbledore.
— Winky convenceu meu pai — disse Crouch, ainda com a mesma voz monótona. — Passou meses persuadindo-o. Eu não saía de casa havia anos. Eu adorava Quadribol. "Deixe o rapaz ir", dizia ela. "Ele vai usar a Capa da Invisibilidade." "Ele pode assistir. Deixe ele tomar um pouco de ar fresco uma vez.”
Ela disse que minha mãe teria gostado disso. Disse ao meu pai que minha mãe morrera para me devolver a liberdade. Não me salvara para viver preso. No fim ele concordou.
— Foi tudo cuidadosamente planejado. Meu pai subiu comigo e Winky ao camarote de honra mais cedo no dia do jogo. Winky devia dizer que estava guardando o lugar para o meu pai. Eu devia ficar sentado ali, invisível. Quando todos tivessem deixado o camarote, nós sairíamos. Winky iria parecer que estava sozinha. Ninguém jamais saberia.
— Mas Winky não sabia que eu estava bem mais forte. Estava começando a resistir àMaldição Imperius lançada por meu pai. Havia horas em que eu quase voltava a ser eu mesmo. Havia breves lapsos em que eu parecia me libertar do controle dele. Isto aconteceu lá, no camarote de honra. Foi como se eu estivesse saindo de um longo sono. Eu me vi em público, no meio de um jogo, e vi uma varinha saindo do bolso de um garoto na minha frente. Eu não tinha licença de usar uma varinha desde antes de Azkaban. Eu a roubei. Winky não viu. Ela tem medo de alturas. Ficou com o rosto tampado.
— Menino Bartô, que menino danado! — sussurrou Winky, as lágrimas escorrendo entre seus dedos.
— Então você se apoderou da varinha — disse Dumbledore — e o que foi que fez com ela?
— Voltamos à barraca. Então ouvimos os gritos. Ouvimos os Comensais da Morte. Os que nunca tinham ido para Azkaban. Os que nunca tinham sofrido pelo meu amo. Os que tinham lhe virado as costas. Não estavam presos como eu. Estavam livres para ir procurá-lo, mas não fizeram isso. Estavam simplesmente se divertindo com os trouxas. As vozes deles me acordaram. Minha mente estava mais clara do que estivera em anos. Senti raiva. Tinha a varinha. Queria atacá-los pela deslealdade que fizeram ao meu amo. Meu pai saíra da barraca, tinha ido libertar os trouxas. Winky teve medo quando me viu tão furioso. Usou seu próprio tipo de mágica para me prender a ela. Me tirou da barraca, me levou para a floresta, para longe dos Comensais da Morte. Eu tentei impedi-la. Queria voltar para o acampamento. Queria mostrar àquelesComensais da Morte o que significava lealdade ao Lord das Trevas, e puni-los por não a terem. Usei a varinha roubada para projetar a Marca Negra no céu. Os bruxos do Ministério chegaram. Lançaram Feitiços Estuporantes para todo lado. Um dos feitiços atravessou as árvores até onde eu e Winky estávamos. O vínculo que nos unia se partiu. Nós dois caímos estuporados.
— Quando descobriram Winky, meu pai entendeu que eu devia estar por perto. Me procurou no mato em que ela fora encontrada e me descobriu caído no chão. Ele esperou até os outros funcionários do Ministério deixarem a floresta. Tornou a me sujeitar com a Maldição Imperius, e me levou para casa. Despediu Winky. Traíra a confiança dele. Me deixara arranjar uma varinha. Quase me deixara fugir.
Winky deixou escapar um grito de desespero.
— Agora havia apenas meu pai e eu, sozinhos em casa. E, então... — a cabeça de Crouch girou molemente e um sorriso demente se espalhou por seu rosto. — Meu amo veio me buscar. Apareceu lá em casa tarde da noite, nos braços do servo dele, Rabicho. Meu amo descobrira que eu continuava vivo. Tinha capturado Berta Jorkins na Albânia. Torturou-a. Ela lhe contou muita coisa. Contou sobre o Torneio Tribruxo. Contou que o antigo auror Moody ia ensinar em Hogwarts. Ele a torturou até conseguir romper oFeitiço da Memória que meu pai lançara nela. Berta contou que eu fugira de Azkaban. Contou que meu pai me mantinha prisioneiro para me impedir de procurar meu amo. Então meu amo soube que eu continuava a ser um servo fiel, talvez o mais fiel de todos. Meu amo concebeu um plano baseado nas informações que Berta lhe dera. Precisava de mim. Chegou a nossa casa por volta da meia-noite. Meu pai atendeu a porta.
O sorriso no rosto de Crouch se alargou, como se ele recordasse o momento mais doce de sua vida. Os olhos castanhos e vidrados de Winky eram visíveis entre seus dedos. Ela parecia assombrada demais para falar.
— Foi muito rápido. Meu amo colocou meu pai sob a Maldição Imperius. Agora meu pai era o prisioneiro, o controlado. Meu amo o forçou a continuar a vida como sempre, a agir como se não houvesse nada errado. E eu fui libertado. Acordei. Voltei a ser eu mesmo, vivo, como não me sentia havia anos.
— E o que foi que Lord Voldemort lhe pediu para fazer? — perguntou Dumbledore.
— Ele me perguntou se eu estava disposto a arriscar tudo por ele. Eu estava. Era o meu sonho, minha maior ambição, servi-lo, me pôr à prova. Ele me disse que precisava colocar um servo fiel em Hogwarts. Um servo que orientasse Harry Potter durante o Torneio Tribruxo sem parecer que estava fazendo isso. Um servo que vigiasse Harry Potter. Que garantisse que o garoto chegasse à Taça Tribruxo. Que transformasse a Taça em uma Chave de Portal, que levasse a primeira pessoa a tocá-la ao meu amo. Mas primeiro...
— Você precisava de Alastor Moody — disse Dumbledore. Seus olhos azuis faiscando, embora sua voz permanecesse calma.
— Rabicho e eu fizemos isso. Preparamos antes uma Poção Polissuco. Viajamos até a casa do auror. Moody resistiu. Houve uma grande confusão. Conseguimos dominá-lo a tempo. Nós o enfiamos à força no malão mágico. Tiramos alguns fios de cabelo e acrescentamos à poção. Eu a bebi e me transformei no duplo de Moody. Apanhei sua perna e seu olho. Estava pronto para enfrentar Arthur Weasley quando ele viesse resolver o caso com os trouxas que ouviram o estardalhaço. Espalhei as latas de lixo pelo quintal. Contei a Arthur Weasley que tinha ouvido intrusos em volta da casa, e que pusera as latas de lixo em movimento. Então reuni as roupas e os detectores das trevas de Moody, guardei tudo no malão e parti para Hogwarts.
— Conservei-o vivo, dominado pela Maldição Imperius. Queria poder interrogá-lo. Descobrir o passado dele, aprender seus hábitos, de modo a enganar Dumbledore. Precisava também do cabelo dele para a Poção Polissuco. Os outros ingredientes foram fáceis de encontrar. Roubei pele de ararambóia das masmorras. Quando o Professor de Poções me encontrou na sala dele, eu disse que tinha ordens para revistá-la.
— E o que aconteceu com Rabicho depois que vocês atacaram Moody?
— Rabicho voltou para cuidar do meu amo, lá em casa, e para vigiar meu pai.
— Mas o seu pai fugiu — disse Dumbledore.
— Fugiu. Depois de algum tempo ele começou a resistir à Maldição Imperius, exatamente como eu tinha feito. Havia períodos em que ele sabia o que estava acontecendo. Meu amo achou que não era mais seguro o meu pai sair de casa. Forçou-o, então, a mandar cartas para o Ministério. Fez meu pai escrever dizendo que estava doente. Mas Rabicho não cumpriu seus deveres direito. Não o vigiou o bastante. Meu pai fugiu. Meu amo adivinhou que ele estaria vindo para Hogwarts. Ia admitir que me contrabandeara para fora de Azkaban.
— Meu amo mandou me avisar da fuga do meu pai. Mandou que eu o detivesse a qualquer custo. Então esperei e fiquei vigiando. Usei o mapa que pedira emprestado a Harry Potter. O mapa que quase pusera tudo a perder.
— Mapa? — perguntou Dumbledore imediatamente. — Que mapa é esse?
— O mapa que Potter tem de Hogwarts. Potter me viu nele. Potter me viu roubando ingredientes para a Poção Polissuco da sala de Snape certa noite. Achou que eu era meu pai porque temos o mesmo nome. Apanhei o mapa de Potter naquela mesma noite. Disse a ele que meu pai odiava bruxos das trevas. Potter acreditou que eu estava atrás de Snape.
— Durante uma semana esperei meu pai aparecer em Hogwarts. Finalmente, uma noite, o mapa me indicou que ele estava entrando na propriedade. Vesti a minha Capa da Invisibilidade e desci ao encontro dele. Ele estava andando pela orla da Floresta. Então chegaram Potter e Krum. Esperei. Não podia machucar Potter, meu amo precisava dele. Potter foi correndo buscar Dumbledore. Eu estuporei Krum. Matei meu pai.
— Nããão!— gritou Winky. — Menino Bartô, menino Bartô, o que é que você está dizendo?
— Você matou seu pai — repetiu Dumbledore, no mesmo tom brando. — Que foi que você fez com o corpo?
— Levei-o para a Floresta. Cobri-o com a Capa da Invisibilidade. Tinha o mapa comigo. Acompanhei Potter entrar correndo no castelo. Ele encontrou Snape. Dumbledore se juntou aos dois. Acompanhei Potter deixar o castelo com Dumbledore. Saí da Floresta, dei a volta por trás deles e fui reencontrá-los. Disse a Dumbledore que Snape me informara aonde vir.
— Dumbledore me mandou ir procurar meu pai. Voltei para onde deixara o corpo dele. Fiquei observando o mapa. Quando todos tinham ido embora, transformei o corpo do meu pai. Transformei-o em osso... E, sempre vestindo a Capa da Invisibilidade, eu o enterrei na terra fofa diante da cabana de Hagrid.”
Fez-se um silêncio profundo, exceto pelos soluços contínuos de Winky. Então Dumbledore falou:
— E hoje à noite...
— Eu me ofereci para levar a Taça Tribruxo para o labirinto antes do jantar — sussurrou Bartô Crouch. — Transformei-a em uma Chave de Portal. O plano do meu amo deu resultado. Ele voltou ao poder e eu vou receber honrarias que ultrapassam os sonhos de qualquer bruxo.
O sorriso demente iluminou mais uma vez suas feições e sua cabeça pendeu para o ombro, enquanto Winky continuava a se lamentar e a soluçar ao seu lado.

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