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- Epílogo
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Unknown
junho 04, 2014
— Não vai demorar muito para você embarcar também. — Harry disse a ela.
— Dois anos, — choramingou Lílian — eu quero ir agora!
As pessoas olhavam curiosamente para as corujas enquanto a família se dirigia para a barreira entre as plataformas nove e dez. A voz de Alvo chamou a atenção de Harry para uma discussão que seus filhos haviam começado ainda no carro.
— Não vou! Não serei da Sonserina!
— Tiago, dá um tempo! — disse Gina.
— Eu só disse que ele poderia ser! — disse Tiago, sorrindo para seu irmão mais novo. — Não tem nada de errado nisso. Ele pode ser da Sonse...
Mas os olhos de Tiago encontraram os da mãe e ele ficou quieto. Os cinco Potters se aproximaram da barreira. Sorrindo convencidamente para seu irmão, por sobre o ombro, Tiago pegou o carrinho das mãos da mãe e se pôs a correr. Segundos depois, ele havia desaparecido.
— Vocês vão me escrever, certo? — Alvo perguntou para seus pais, aproveitando a ausência de seu irmão.
— Todo dia, se quiser. — disse Gina.
— Não todo dia. — respondeu rapidamente Alvo — Tiago disse que a maioria só recebe uma carta por mês da família.
— No ano passado escrevíamos para ele três vezes por semana. — disse Gina.
— E não queira acreditar em tudo o que ele diz sobre Hogwarts. — complementou Harry. — Ele gosta de umas travessuras, o seu irmão.
Lado a lado, eles empurraram o segundo carrinho, ganhando impulso e, quando chegaram à barreira, Alvo fechou os olhos, esperando por uma colisão que não veio. Ao invés disso, a família emergiu na plataforma Nove e Meia que estava coberta pelo vapor lançado pela locomotiva vermelha do Expresso de Hogwarts. Figuras indistintas se moviam através da névoa, na qual Tiago já havia desaparecido.
— Onde eles estão? — quis saber Alvo, ansioso, observando as pessoas entre a fumaça enquanto eles cruzavam à plataforma.
— Nós vamos achá-los. — disse Gina, tranqüilizando-o.
Mas o vapor era denso, tornando difícil distinguir o rosto de alguém. Separada de seus donos, as vozes pareciam anormalmente altas, Harry pensou ter ouvido Percy discursar sobre a Regulamentação de Vassouras e ficou agradecido por ter uma desculpa para não ter que parar e cumprimentá-lo...
— Eu acho que são eles ali, Al! — disse Gina de repente.
Um grupo de quatro pessoas saiu da neblina, próximos ao último vagão. Seus rostos só se tornaram nítidos quando Harry, Gina, Alvo e Lílian se aproximaram deles.
— Olá. — disse Alvo, imensamente aliviado.
Rose, que já estava usando os trajes novos de Hogwarts, sorriu para o garoto.
— Então, estacionou bem? — Rony perguntou a Harry — Eu estacionei. Hermione não acreditou que eu pudesse passar no exame de direção dos Trouxas, não é? Ela achava que eu teria que Confundir o examinador.
— Não, não achei. — disse Hermione — Depositei minha fé em você!
— De fato, eu o Confundi um pouco. — Rony sussurrou para Harry, enquanto ambos colocavam o malão e a coruja de Alvo no trem. — Eu só me esqueci de usar o espelho retrovisor, mas na real, eu posso usar um Feitiço Supersensorial para isso.
De volta à plataforma, eles encontraram Lílian e Hugo, o irmão mais novo de Rose, tendo uma conversa animada sobre em qual Casa ficariam quando finalmente fossem para Hogwarts.
— Eu o deserdo se você não for da Grifinória, — disse Rony — mas nada de pressão!
— Rony!
Lílian e Hugo riram, mas Alvo e Rose permaneceram sérios.
— Ele não quis dizer isso! — disseram Gina e Hermione, mas Rony não estava mais prestando atenção. Olhando para Harry ele indicava com a cabeça um local a alguns metros dali. A névoa parecia ter diminuído um pouco, tornando possível ver três pessoas paradas, aliviadas pela neblina que se movia.
— Olha quem é.
Draco Malfoy estava em pé, com sua mulher e filho, um casaco abotoado até o pescoço. Seu cabelo estava com uma entrada, te tal modo que acentuava seu queixo fino. O filho lembrava tanto Draco assim como Alvo lembrava Harry. Draco percebeu que Hermione, Harry, Rony e Gina olhavam para ele, acenou brevemente, e deu as costas ao grupo.
— Então aquele é pequeno Scorpio. — disse Rony entre os dentes — Arrase-o em todos os testes, Rosie. Graças a Deus que você tem o cérebro de sua mãe.
— Pelo amor de Deus, Rony. — disse Hermione, um pouco nervosa, um pouco sorridente. — Não os tente colocar um contra o outro antes mesmo de as aulas começarem!
— Você está certa, desculpe. — disse Rony, mas incapaz de se segurar, completou, — Mas não fique muito amiga dele, Rosie, vovô Weasley nunca a perdoaria se você se casasse com um puro-sangue!
— Ei!
Tiago havia retornado. Tinha se livrado do carrinho, do malão e da coruja e agora parecia explodir com novidades.
— Teddy está lá atrás. — disse sem fôlego, apontando por sobre os ombros, para uma cortina de fumaça. — Acabei de vê-lo! E adivinha o que ele estava fazendo? Beijando a Victoire!
Ele olhou para os adultos, evidentemente desapontado pela falta de reação.
— Nosso Teddy! Teddy Lupin! Beijando a nossa Victoire! Nossa prima! E eu perguntei o que ele estava fazendo...
— Você os interrompeu? — quis saber Gina — Você é tão parecido com o Rony...!
—... e ele disse que estava aqui para vê-la partir! E daí ele me mandou embora. Ele a estava beijando! — completou Tiago, achando que não havia sido claro o bastante.
— Não seria lindo se eles se casassem. — murmurou Lílian, extasiada — Daí sim o Teddy realmente faria parte da família.
— Ele já janta em casa umas quatro vezes na semana. — disse Harry — Por que não o convidamos para morar conosco e acabamos logo com isso?
— Boa! — disse Tiago, entusiasmado — Eu não me importo em dividir o quarto com o Al...Teddy poderia ficar com o meu!
— Não. — disse Harry firmemente — Você só irá dividir um quanto com o Al quando eu decidir demolir a casa.
Ele olhou para o relógio gasto que antes pertencera a Fabiano Prewett.
— Já são quase onze, é bom subirem a bordo.
— Não se esqueça de dar um abraço em Neville! — disse Gina ao filho mais velho enquanto o abraçava.
— Mãe! Eu não posso dar um abraço a um professor!
— Mas você conhece o Neville...
Tiago girou os olhos.
— Fora de escola sim, mas lá, ele é o Professor Longbottom, né? Eu não posso entrar na aula de Herbologia e lhe oferecer carinho...!
Balançando a cabeça para as bobagens da mãe, ele aliviou seu aborrecimento dando um chute no irmão.
— Te vejo mais tarde, Al. E cuidado com os testrálios!
— Pensei que eles fossem invisíveis? Você me disse que eles eram invisíveis!
Mas Tiago simplesmente sorriu e deixou que a mãe o beijasse, deu um abraço rápido no pai e entrou no trem. Ele acenou e depois atravessou o corredor, em busca de seus amigos.
— Não se preocupe com os testrálios. — disse Harry — Eles são bem dóceis, não precisa ter medo deles. Além disso, você não vai para a escola em carruagens esse ano, você vai de barco.
Gina deu um beijo de despedia em Alvo.
— Te vejo no Natal.
— Até mais, Al. — sussurrou Harry enquanto seu filho o abraçava — Não se esqueça que o Hagrid convidou você para tomar chá na sexta. Não se meta com o Pirraça. Não duele com ninguém até você ter aprendido como, e não deixe o Tiago te incomodar.
— Mas se eu for para a Sonserina?
Sussurrou somente para o pai, que percebeu que só o momento da partida revelou o verdadeiro e sincero medo que Alvo estava sentindo.
Harry agachou-se, seu rosto um pouco abaixo ao rosto de Alvo. O único entre os seus três filhos que herdou os olhos de avó.
— Alvo Severo. — disse Harry tão baixo que somente eles e Gina puderam ouvir, embora ela fingisse, discretamente, que acenava para Rose, que já havia embarcado. — Você tem o nome de dois diretores de Hogwarts. Um deles era da Sonserina e provavelmente o homem mais corajoso que já conheci.
— Mas e se...
— A Casa de Sonserina ganhará um excelente aluno, não é? Isso não é importante para nós, Al. Mas se é importante para você, você pode escolher a Grifinória ao invés da Sonserina. O Chapéu Seletor considera a sua escolha.
— Sério?
— Ele considerou a minha. — disse Harry.
Ele nunca havia contado isso a nenhum de seus filhos, e ele foi capaz de ver a surpresa no rosto de Alvo quando o fez. Mas como as portas estavam se fechando pelos vagões e os pais davam os últimos beijos de despedida, Alvo correu para seu vagão e Gina fechou a porta atrás dele. Os estudantes estavam debruçados na janela, olhando para deles. Um grande número de rostos, dentro ou fora do trem, parecia estar voltado para Harry.
— O que eles estão olhando? — quis saber Alvo, enquanto ele e Rose olhavam em volta, para os outros estudantes.
— Não se preocupe. — disse Rony — É que eu sou muito famoso.
Alvo, Rose, Hugo e Lílian riram. O trem começou a se mover e Harry se pôs a andar ao seu lado, vendo o rosto do filho, cheio de excitação. Harry continuou sorrindo e acenando, mesmo que não fosse realmente uma despedida, vendo seu filho se distanciar dele...
O último vestígio da fumaça sumiu no ar do outono. O trem fez a curva. Harry ainda tinha a mão erguida, se despedindo.
— Ele ficará bem. — murmurou Gina.
Harry olhou para ela, abaixou a mão distraidamente e tocou a cicatriz em forma de raio em sua testa.
— Eu sei.
Há dezenove anos a cicatriz não o incomodava mais. Tudo estava bem.