Posted by : Unknown junho 04, 2014

Capítulo 20


Harry não esperava que a raiva de Hermione se abatesse durante a noite e foi sem surpresa que ela se comunicou basicamente por olhares de reprovação e momentos de silêncio na manhã seguinte. Rony respondeu mantendo uma conduta melancólica que não era sua na presença dela, além de um aparente sinal de contínuo remorso.
De fato, quando os três estavam juntos, Harry sentia-se o único que não estava de luto em funeral fracamente freqüentado. Durante esses poucos momentos que passou sozinho com Harry, entretanto (buscando água e procurando por cogumelos na vegetação rasteira) Rony se tornou desavergonhadamente alegre.
— Alguém nos ajudou, — ele continuava falando. — Alguém mandou aquela corça. Alguém do nosso lado. Uma Horcrux menos, cara! −
Animados pela destruição do medalhão eles debatiam as possíveis localizações das outras Horcruxes, ainda que eles já tivessem discutido o assunto tantas vezes antes.
Harry sentia-se otimista, certo que mais sucessos iriam suceder o primeiro. O mau humor de Hermione não podia frustrar seus espíritos leves; A repentina melhora na sorte deles, o aparecimento da misteriosa corça, a recuperação da espada de Gryffindor, e acima de tudo, o retorno de Rony fizeram Harry tão feliz que era um tanto difícil manter-se sério.
No fim da tarde ele e Rony escaparam da presença sinistra de Hermione novamente e sob o pretexto de procurar na sebe por amoras, eles continuaram seu avanço em troca de notícias. Harry tinha finalmente decidido contar a Rony a história completa dos vários passeios dele e de Hermione, seguindo para a história completa do que aconteceu em Godric's Hollow; Rony estava agora perguntando a Harry tudo o que ele havia descoberto sobre o vasto Mundo Bruxo durante as semanas que esteve fora.
— E como você descobriu sobre o Tabu? — ele perguntou a Harry depois de explicar as muitas e desesperadas tentativas dos nascidos-trouxas de fugir do Ministério
— O o quê?
— Você e Hermione pararam de dizer o nome de Você-Sabe-Quem!
— Ah, sim. Bem, foi só um mau hábito pelo qual nós passamos. — Disse Harry. — Mas eu não tenho problema em chamá-lo de V…
— NÃO! — berrou Rony, fazendo Harry pular na direção da sebe e de Hermione (com o nariz enterrado num livro na entrada da barraca) olhar zangada para eles.
— Desculpa, — disse Rony, tirando Harry dos espinhos.
— Mas o nome foi azarado, Harry, é como eles localizam as pessoas! Usar o nome dele quebra feitiços de proteção, ele causa uma espécie de distúrbio mágico − foi assim que eles nos acharam na Estrada de Tottenham!
— Porque nos usamos o nome dele?
— Exatamente! Você tem que dar crédito a eles, isso faz sentido. Só pessoas que eram sérias em confrontá-lo, como Dumbledore, que ousavam usá-lo. Agora eles colocaram um Tabu nele, qualquer um que o diga é rastreável − um meio rápido e fácil de encontrar membros da Ordem! Eles quase pegaram Kingsley...
— Você está brincando!?
— É, um bando de Comensais da Morte o encurralaram, Gui disse, mas ele lutou e conseguiu escapar. Agora ele está foragido como nós.
Rony coçou o queixo pensativo com a ponta de sua varinha.
— Vocês não acham que Kingsley pode ter nos mandado aquela corça?
— O Patrono dele é uma lince, nós vimos no casamento, lembra?
— Ah é...
Eles se moveram ao longo da sebe, para longe da barraca e de Hermione.
— Harry... você não acha que poderia ter sido Dumbledore?
— Dumbledore o que?
Rony olhou um pouco embaraçado, mas disse numa voz baixa.
— Dumbledore... a corça? Eu quero dizer.
Rony estava observando Harry pelos cantos dos olhos.
— Ele tinha a espada real, afinal, não tinha?
Harry não riu de Rony, porque ele entendeu muito bem o desejo por trás da pergunta. A idéia de que Dumbledore tinha conseguido voltar para eles, que ele estava olhando por eles, seria inexpressivelmente reconfortante. Ele balançou a cabeça.
— Dumbledore está morto — ele disse — Eu vi acontecer, eu vi o corpo, ele definitivamente partiu. De qualquer maneira, o Patrono dele era uma fênix, não uma corça.
— Patronos podem mudar, acredito, não podem? — disse Rony — O de Tonks mudou, não é?
— É, mas se Dumbledore estivesse vivo por que não se mostraria? Por que ele apenas não nos daria a espada?
— Não sei — disse Rony. — Pela mesma razão que ele não a deu para você enquanto ele estava vivo? Pela mesma razão que ele deixou pra você um velho Pomo de Ouro e pra Hermione um livro de histórias infantis?
— Qual seria? — perguntou Harry, virando para olhar o rosto todo de Rony desesperado pela resposta.
— Eu não sei — disse Rony. — Às vezes eu tenho pensado, quando eu estava um pouco frustrado, que ele estava rindo ou − que apenas estava querendo deixar mais difícil. Mas eu não acho que seja isso, não mais. Ele sabia o que estava fazendo quando me deu o Apagueiro, não foi? Ele − bem, — As orelhas de Rony se tornaram vermelho claro e ele ficou profundamente interessado num tufo de grama em seu pé, que ele cutucou com seu dedão — Ele devia saber que eu te abandonaria.
— Não, — Harry o corrigiu — Ele deve ter sabido que você sempre iria querer voltar.
Rony olhou agradecido, mas ainda desajeitado. Em parte para mudar de assunto, Harry disse:
— Falando no Dumbledore, você ouviu o que Skeeter escreveu sobre ele?
— Ah sim, — disse Rony de uma vez — As pessoas estão falando muito sobre isso. Claro, se as coisas fossem diferentes seria uma grande novidade, Dumbledore sendo amigo de Grindelwald, mas agora é apenas algo engraçado para pessoas que não gostavam de Dumbledore, e um pouquinho um tapa na cara de todos que pensaram que ele era um bom homem. Eu não acho que isso seja lá grande coisa. Ele era realmente jovem quando eles...
— Nossa idade — disse Harry, na hora que ele replicava Hermione algo em seu rosto pareceu ter decidido Rony a não prosseguir com o assunto.
Uma aranha grande acomodou-se numa teia coberta de geada nos arbustos espinhosos. Harry fez mira com a varinha que Rony tinha lhe dado na noite anterior, a qual Hermione dignou-se a examinar e decidiu que era feita de abrunheiro.
— Engorgio!
A aranha teve um pequeno arrepio, saltando levemente na teia. Harry tentou novamente. Desta vez a aranha ficou levemente maior.
— Pare com isso — disse Rony rispidamente — Desculpe se eu disse que Dumbledore era jovem, ok?
Harry tinha esquecido a aversão de Rony por aranhas.
— Desculpe... Reducio.
A aranha não encolheu. Harry olhou para a varinha de abrunheiro. Todo feitiço simples que ele lançou com ela até agora pareceu menos poderoso que os que ele produziu com sua varinha de pena de fênix. A nova parecia intrusivamente estranha, como ter a mão de outra pessoa costurada no final de seu braço.
— Você só precisa praticar — disse Hermione, que se aproximou silenciosamente e ficou assistindo ansiosamente Harry tentar fazer a aranha crescer e encolher.
— É só uma questão de confiança, Harry.
Ele sabia porque ela queria que estivesse tudo bem. Ela ainda sentia-se culpada por ter quebrado sua varinha. Ele reprimiu a retaliação que brotou em seus lábios, que ela podia levar a varinha de abrunheiro se ela pensava que não havia diferença, e ele ficaria com a dela ao invés dessa. Muito interessado que eles três voltassem a ser amigos novamente, entretanto, ele concordou, mas quando Rony deu a Hermione a tentativa de um sorriso, ela se moveu ameaçadoramente e desapareceu atrás de seu livro novamente.
Os três voltaram para a barraca quando a escuridão caiu, e Harry ficou com o primeiro turno de vigia. Sentado na entrada ele tentou fazer com que a varinha de abrunheiro levitasse pequenas pedras aos seus pés, mas a mágica dele ainda parecia desajeitada e menos poderosa do que tinha sido antes.
Hermione estava deitada em seu beliche lendo enquanto Rony, depois de muitas olhadelas nervosas sobre ela, pegou um pequeno rádio de madeira sem fio de sua mochila e começou a tentar sintonizá-lo.
— Tem esse programa — ele disse a Harry numa voz baixa — que fala as notícias como elas realmente são. Todos os outros estão do lado de Você-Sabe-Quem e estão seguindo a linha do Ministério mas este... espere até você ouvi-lo, é ótimo. Só que eles não podem fazer todas as noites, eles tem que ficar mudando de lugar no caso de serem atacados e você precisa de uma senha para sintonizar... O problema é que perdi a última...
Rony tocou levemente no alto do rádio com sua varinha que murmurando palavras aleatórias sob sua respiração. Rony jogou muitas olhadelas para Hermione, temendo claramente um ataque irritado, mas para Hermione era como se ele simplesmente não estivesse lá. Por dez minutos ou mais Rony bateu e murmurou, Hermione girou as páginas de seu livro, e Harry continuou a praticar com a varinha de abrunheiro.
Finalmente Hermione escalou para baixo de seu beliche. Rony parou de bater instantaneamente.
— Se é irritante para você, eu pararei! — disse para Hermione nervoso. Hermione não se dignou a responder, mas disse se aproximando de Harry:
— Nós precisamos conversar.
Olhou o livro ainda apertado em sua mão. Era A vida e as Mentiras de Alvo Dumbledore.
— Que? — disse apreensivo. Passou por sua mente que havia um capítulo sobre ele lá dentro; ele sentiu até a versão de Rita do interrogatório de seu relacionamento com Dumbledore. A resposta de Hermione entretanto, era completamente inesperada.
— Eu quero ir ver Xenofilio Lovegood.
Ele olhou fixamente para ela.
— Hã?
— Xenofílio Lovegood, pai de Luna. Eu quero ir vê-lo e falar com ele!
— Er...porquê?
Ela respirou profundamente, como se apoiasse nela mesma e disse:
— É essa marca, a marca em Beedle o Bardo. Olhe isto!
Empurrou A Vida e as Mentiras de Alvo Dumbledore sob os olhos indispostos de Harry e viu uma fotografia com a mensagem original que Dumbledore tinha escrito a Grindelwald, com a letra fina de Dumbledore, inclinada como lhe era familiar. Odiou ver a prova absoluta que Dumbledore tinha escrito realmente aquelas palavras, que não tinham sido invenção de Rita.
— A assinatura, — disse Hermione. — Olhe a assinatura, Harry!
Ele obedeceu. Por um momento não teve nenhuma idéia o que ela falava realmente, mas, olhando mais de perto com a ajuda da iluminação da varinha, ele viu que Dumbledore tinha substituído o “A” de Alvo com uma versão minúscula da mesma marca triangular inscrita em cima de Os Contos de Beedle o Bardo.
— Er... o que vocês...? — Rony tentou dizer, mas Hermione o reprimiu com um olhar e voltou-se para Harry.
— Ela continua aparecendo, não? — disse. — Eu sei que Vitor lhe disse que era marca de Grindelwald, mas definitivamente estava gravada naquela sepultura velha em Godric´s Hollow e continua reaparecendo não é mesmo? E as datas nas lápides eram muito antes de Grindelwald aparecer! E agora isso! Bem nós não podemos perguntar para Dumbledore ou Grindelwald o que significa... Eu nem ao menos sei se Grindelwald ainda está vivo... mas, nós podemos perguntar ao Sr.Lovegood. Ele estava usando o símbolo no casamento. Eu tenho certeza que é importante Harry!
Harry não a respondeu imediatamente. Ele olhou em sua ansiosa e intensa face circundada pela escuridão pensando. Depois de uma longa pausa ele então disse:
— Hermione, nós não precisamos de outro Godric's Hollow. Nós nos convencemos a ir lá e...
— Mas continua aparecendo Harry!! Dumbledore me deixou Os Contos de Beedle, o Bardo, como você sabe que não é coincidência descobrirmos este sinal?
— Aqui vamos nós de novo. — Harry se sentia ligeiramente exasperado. — Nós continuamos a tentar nos convencer que Dumbledore nos deixou sinais secretos e pistas...
— O Apagueiro se mostrou bem útil — piou Rony — Eu acho que a Hermione está certa, eu acho que deveríamos ir ver Lovegood.
Harry lhe lançou um olhar sombrio. Ele estava bastante seguro que com o apoio de Rony, Hermione teria pouco desejo de descobrir o significado da Runa triangular.
— Não será como Godric's Hollow — Rony adiantou-se — Lovegood está do seu lado Harry, O Pasquim desde o início continua falando para todos que têm que te ajudar.
— Eu estou segura que isso é importante — Hermione disse.
— Mas você não acha que se isso fosse, Dumbledore não teria me dito antes de morrer?
—Talvez... talvez seja algo que você precise descobrir sozinho.
Hermione disse com um ar lânguido
— É... — Rony disse — Isso faz sentido.
— Não, não faz — Hermione o cortou — mas ainda acho que devemos falar com o Sr. Lovegood. Um símbolo que liga Dumbledore, Grindelwald e Godric's Hollow? Harry, tenho certeza que devemos saber mais sobre isso!
— Eu acho que deveríamos votar isso. — disse Rony. — Esses a favor de irem ver os Lovegood.
A mão dele voou para cima antes mesmo da de Hermione. Os lábios dela tremeram violentamente quando ela própria elevou a mão.
— Ganhamos Harry, desculpe. — Rony disse dando tapinhas nas costas de Harry
— Ótimo. — Harry disse, meio se divertindo, meio irritado. —Só uma coisa, uma vez que tivermos visto Lovegood, vamos tentar procurar por mais Horcruxes, não vamos? Onde os Lovegood moram afinal? Algum de você sabe?
— Não é longe da minha casa — Rony disse — Eu não sei exatamente aonde, mas meu pai e minha mãe sempre apontam para as colinas quando mencionam eles. Não deve ser difícil de achar.
Quando Hermione voltou para o beliche dela, Harry sussurrou para ele:
— Você só concordou em aceitar para voltar as boas com ela.
— "No amor e na guerra,vale tudo" — Rony disse brilhantemente, — um pouco de cada. Se anime, é feriado de Natal, Luna estará em casa!
Eles tinham uma visão excelente da vila de Ottery St. Cachopole a partir da fresca colina de onde eles tinham aparatado na manhã seguinte. De seu alto ponto de vista, a vila parecia uma coleção de casinhas de brinquedo no meio dos gigantes raios de sol que se esticavam em meio aos espaços de cada nuvem. Eles ficaram um minuto ou dois olhando para a paisagem, suas mãos fazendo sombra em seus olhos, mas tudo que podiam ver eram as folhas no topo das árvores, que oferecia às pequenas casas proteção contra os olhos de trouxas.
— É estranho estar tão perto mas não ir visitar. — disse Rony.
— Não é que você não os tenha visto.Você estava lá no Natal — disse Hermione friamente.
— Eu não fui a Toca! — disse Rony com uma risada incrédula. — Você acha que eu iria voltar lá e dizer a todos eles que eu deixei você? Claro, Fred e Jorge ficariam muito felizes com isso. E Gina, ela entenderia muito bem.
— Mas aonde você esteve então? — Perguntou Hermione surpresa.
— Na nova casa de Gui e Fleur. Casa das Conchas. Gui sempre foi decente comigo. Ele... não me recriminou quando ouviu o que eu tinha feito, mas não insistiu nisso. Ele entendeu que eu estava realmente arrependido. Ninguém da família sabia que eu estava lá. Gui e Fleur falaram para mamãe que queriam passar o natal sozinhos. Você sabe, primeiro feriado depois que casaram. Eu não penso que Fleur achou ruim. Você sabe o quanto ela odeia Celestina Warbeck.
Rony deu as costas para a Toca.
— Vamos tentar aqui em cima — disse, conduzindo-os sobre o alto do monte.
Andaram por algumas horas, Harry, por causa da insistência de Hermione, escondido sob a capa de invisibilidade. O conjunto de montes baixos parecia ser inabitado, com somente uma casa de campo pequena, que parecia deserta.
—Você acha que é deles e eles saíram para o Natal? — Hermione perguntou, observando através da janela uma cozinha pequena com os gerânios no peitoril da janela.
Rony bufou:
— Escuta,eu acho que pode-se saber quem viveu lá,sem olhar pela janela dos Lovegood. Vamos tentar próximo monte. −
Assim eles Desaparataram para o norte algumas milhas mais distante.
— Aha! —Rony berrou, com o vento chicoteando seus cabelo e roupa. Rony estava apontando para cima, para o alto do monte em que tinham aparecido, onde a mais estranha casa se levantava verticalmente de encontro ao céu, um cilindro preto grande com uma lua fantasmagórica pendurada atrás dele no céu da tarde.
— Essa tem que ser a casa da Luna,quem mais viveria num lugar desses?Parece uma gralha!
— Não é nada parecido com um pássaro — disse Hermione, desaprovando a torre.
— Eu estava falando sobre uma gralha xadrez, — disse Rony.
— Um castelo para você. — As pernas de Rony eram as mais longas e alcançaram o alto do monte primeiro. Quando Harry e Hermione o alcançaram, ofegando e apoiando-se de lado, encontraram-no sorrindo amplamente — É dele, — disse Ron. — Olhem.

Três avisos pintados à mão tinham sido colocados no portão.
O primeiro,
EDITOR DO PASQUIM, X. LOVEGOOD
O segundo,
ESCOLHA SEU PRÓPRIO VISCO
O terceiro,
EVITE AS AMEIXAS DIRIGÍVEIS!

O portão rangeu quando eles abriram. O caminho em ziguezague se dirigindo ao portão da frente estava cercado por uma grande variedade de plantas ímpares, incluindo um arbusto coberto por frutos tipo rabanetes laranjas que a Luna usava às vezes como brincos. Harry pensou ter reconhecido um Arapucoso e deu-lhe uma batida com troncos secos. Duas velhas macieiras balançaram com o vento, sem folhas, mas ainda fortes com frutos vermelhos do tamanho de amoras e uma espessa geada branca cobrindo.
— É melhor você tirar a Capa da Invisiblidade,Harry, — disse Hermione, — é você que o Sr.Lovegood quer ajudar,não nós.
Ele fez como ela sugeriu, e entregou-lhe a capa para que ela guardasse em sua bolsa. Ela então bateu três vezes na porta negra que estava revestida por pregos de ferro e possuía uma aldrava em formato de águia.
Passados dez segundos a porta se abriu ali estava Xenofilio Lovegood,descalço e vestindo pijamas manchados. Seu longo cabelo branco estava sujo e embaraçado. Por comparação Xenofilio tinha sido positivamente garboso no casamento de Gui e Fleur.
— O que? O que é isto? Quem é você? O que você quer? — Ele falou olhando primeiro para Hermione, depois para Rony e finalmente para Harry, quando então sua boca se abriu em um perfeito e cômico “O”.
— Olá, Sr Lovegood — disse Harry estendendo sua mão. — Sou Harry Potter.
Xenofilio não retribuiu o aperto de mão e seu olhar mirava logo acima do nariz de Harry,para a cicatriz em sua testa.
—Tudo bem se entrarmos? — perguntou Harry, — Tem uma coisa que temos que perguntar a você.
— Eu... eu não sei se isso é aconselhável — sussurrou Xenofilio. Ele deu uma rápida olhada ao redor do jardim. — Realmente um choque... Minha palavra... eu... eu temo que... realmente acho que não devo...
— Não vai levar muito tempo — disse Harry desapontado por sua nada calorosa recepção.
— Hum..certo, então, entre rápido, rápido!
Eles tinham acabado de entrar quando Xenofílio fechou a porta logo atrás deles. Eles estavam em pé na mais peculiar cozinha que Harry já vira.
A sala era perfeitamente circular e ele sentiu como se estivesse dentro de um gigante pote de pimenta. Tudo estava curvado para caber nas paredes − o fogão, a pia, os armários − e todos eles tinham sido pintados com flores, insetos e pássaros em cores primárias brilhantes. Harry pensou ter reconhecido o estilo de Luna. O efeito em tal espaço era levemente opressor.
No meio do piso uma escada de ferro em espiral levava aos andares superiores. Havia uma grande sensação de movimento e batidas vindo de cima: Harry imaginou o que Luna estaria fazendo.
— É melhor vocês subirem — Disse Xenofilio, ainda parecendo extremamente desconfortável e ele indicou o caminho. A sala em seguida parecia uma combinação de sala de estar e escritório, e como tal, era ainda mais amontoado do que a cozinha. Embora muito menor e inteiramente redonda, a sala se assemelhou um tanto a Sala Precisa na ocasião que tinha se transformado em um labirinto gigantesco contendo séculos de objetos escondidos. Havia pilhas em cima de pilhas de livros e de papéis em cada superfície. Os modelos delicados de criaturas que Harry não reconheceu, todas as asas agitando ou maxilares agarrando, penduradas do teto. Luna não estava lá: A coisa que fazia tal barulho era um objeto de madeira coberto de feitiços, ele olhou como a bizarra bancada de um jogo de prateleiras, mas após um momento Harry deduziu que era uma impressora fora de moda, devido ao fato de expedir Pasquims.
— Desculpe-me, — disse Xenofilio, que passou por trás da máquina, puxou uma toalha de mesa de baixo de uma pilha de livros e papéis, os quais caíram no chão, e cobriu a máquina, abafando os altos “bangs” e estalos. Então, ele encarou Harry.
— Por que você veio aqui? — Antes que Harry pudesse falar, entretanto, Hermione soltou um pequeno grito de choque.
— Sr. Lovegood — o que é aquilo? — Ela estava apontando para um chifre espiral enorme, cinzento,não de unicórnio, o qual tinha sido montado na parede, projetando-se a diversos metros no quarto.
— É o chifre de um Bufador de Chifre Enrugado, — disse Xenofilio.
— Não, não é! — disse Hermione.
— Hermione, — murmurou Harry, embaraçado, — agora não é o momento...
— Mas Harry, é um chifre de Erumpente! É um material Não comerciável Classe B e é uma coisa extraordinariamente perigosa de se ter em uma casa! −
— Como que você sabe que é um chifre de Erumpente? — Rony perguntou, desviando para longe do chifre tão rapidamente como poderia, dado a desordem extrema do quarto.
— Há uma descrição em Animais Fantásticos e Onde Habitam. − Sr. Lovegood, você precisa se livrar dele imediatamente, você não sabe que pode explodir num simples toque?
— O Bufador de Chifre Enrugado — disse Xenofilio muito claramente, com um olhar obstinado em sua cara, — é uma criatura tímida e altamente mágica, e o seu chifre...
— Sr. Lovegood. Eu reconheço as marcas sulcadas em torno da base, aquele é um chifre de Erumpente e é incrivelmente perigoso... eu não sei aonde o senhor o conseguiu.
— Eu o comprei, — disse Xenofilio dogmaticamente. — Duas semanas atrás, de um jovem bruxo que soube do meu interesse no esquisito Enrugado. Uma surpresa de Natal para minha Luna. Agora, — disse, girando para Harry, — porque o exatamente você veio aqui, Senhor Potter? −
— Nós precisamos de alguma ajuda, — disse Harry, antes que Hermione poderia começar outra vez.
— Ahh... ajuda...hmmm — disse Xenofilio. Seu olho bom moveu-se outra vez para a cicatriz de Harry. Pareceu simultaneamente estarrecido e hipnotizado. — Sim. A questão é… ajudar Harry Potter… um pouco perigoso…
— Você não é um daqueles que diz para todos que o dever deles é ajudar o Harry? — Rony disse. — Nessa sua revista?
Xenofilio olhou para ele escondido atrás da impressora, ainda tagarelando e batendo embaixo da toalha de mesa.
— Er... sim, eu expressei essa idéia antes, no entanto...
— Isso é para todos fazerem e não você pessoalmente? — Rony disse.
Xenofilio não o respondeu. Ele continuava engolindo, os olhos esbugalhados entre os três. Harry teve a impressão que ele estava sofrendo uma dolorosa luta interna.
— Onde está Luna? —Perguntou Hermione — Vejamos o que ela pensa.
Xenofilio engoliu em seco. Ele parecia estar tentando ganhar tempo. Finalmente ele disse com uma voz trêmula difícil de ouvir por cima do barulho da impressora. — Luna está no córrego pescando abóboras de água doce. Ela... ela irá gostar de vê-los. Eu irei chamá-la... sim, muito bem. Eu tentarei ajudá-los.
Ele desapareceu debaixo da escadaria em espiral, e ele ouviram a porta da frente abrir e fechar. Eles olharam um para o outro.
— Velho covarde,verruguento — Rony disse — Luna tem dez vezes mais peito que ele.
— Ele provavelmente está preocupado com o que pode acontecer a eles se os Comensais da Morte descobrir o que houve aqui. — Harry disse.
— Bem, eu concordo com você Rony — Hermione disse —Velho hipócrita, dizendo para todos ajudarem você e se esquivando disso.E por Deus, mantenha-o longe daquele chifre...
Harry cruzou até a janela pelo lado mais distante do quarto. Ele podia ver um córrego, fino, brilhando do outro lado da colina. Eles estavam em um local muito alto, um pássaro tremulou além da janela enquanto ele olhava em direção à Toca, agora invisível atrás das outras linhas da colina.
Gina estava em algum lugar ali. Eles estavam mais próximos um do outro hoje do que qualquer outro dia depois do casamento de Gui e Fleur, mas ela não tinha idéia que ele estava olhando por ela, pensando nela. Ele supõe que deveria estar alegre; qualquer um que ele entrasse em contato hoje estaria em perigo, a atitude de Xenofílio provava isso.
Ele levou o olhar para longe da janela, e se deteve em um objeto peculiar,uma prancha encurvada,uma estátua de uma austera bruxa que usava um chapéu bizarro. Dois objetos que se assemelhavam a trompetes de orelha dourados que encurvavam para fora e de lado. Um par de minúsculas e brilhantes asas azuis que estava presa a uma correia de couro no topo da cabeça dela enquanto dois rabanetes laranja estavam presos em outra faixa de couro em volta da cabeça dela.
— Olhe isso — Harry disse.
— Fashion — Rony disse — Estou surpreso que ele não tenha usado isso no casamento.
Eles ouviram a porta da frente e no momento seguinte Xenofílio subia novamente a escada em espiral até o quarto, em suas pernas finas agora podia-se notar uma bota Wellington, segurando uma bandeja de chá com xícaras sortidas e uma chaleira fervendo.
— Ah você achou minha invenção — ele disse empurrando a bandeja para os braços de Hermione e unindo Harry ao lado da estátua.
— Modelado, adequado o suficiente, sob a cabeça da bela Rowena Ravenclaw,Inteligência além da medida, é o maior tesouro do homem! − Ele indicou os objetos semelhantes a trompetes de orelha — Estes são os sifões de Wrackpurt, para remover toda as fontes de distração das imediações de onde o pensador se encontra. Aqui, — ele apontou as delgadas asas, — um propulsor, para induzir um elevado estado de espírito. Finalmente, — ele apontou para o rabanete laranja a ameixa dirigível, —o aumento da habilidade de aceitar o extraordinário.
Xenofílio caminhou de volta para a bandeja de chá, que Hermione tinha conseguido equilibrar precariamente em uma das desordenadas mesinhas de lado.
— Posso oferecer a vocês uma infusão de Raiz-de-cuia? — disse Xenofílio — Nós mesmos o fazemos. — Como este começou a derramar a bebida, que era de um roxo tão profundo quanto o de suco de beterraba, ele acrescentou, — Luna está mais além da Ponte de Botton, ela está tão excitada que você está aqui. Ela não deve levar muito tempo, ela pegou abóboras quase o suficiente para fazer sopa para todos nós. Sentem-se e sirvam-se de açúcar.
— Agora, — ele removeu uma pilha de papéis de uma poltrona e sentou, suas botas de Wellington cruzadas, — como eu posso ajudá-lo, Sr. Potter?
— Bem —, Harry disse, olhando de relance para Hermione, que assentiu encorajando-o, — é sobre o símbolo que o senhor usava no pescoço no casamento de Gui e Fleur, Sr. Lovegood. Nós gostaríamos de saber o que ele significa.
Xenofílio levantou suas sobrancelhas.
— Você está se refirindo ao símbolo das Relíquias da Morte?

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