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Unknown
junho 04, 2014
Capítulo 32
Harry balbuciava ao mesmo tempo que tentava se desvencilhar do Prof. Tofty, que o observava muito preocupado depois de ajudá-lo a andar até o Saguão de Entrada sob os olhares de todos os estudantes.
— Estou... estou ótimo — gaguejou Harry, enxugando o suor do rosto. — Verdade... eu só adormeci... tive um pesadelo...
— A pressão dos exames! — disse o velho bruxo simpaticamente, dando palmadinhas trêmulas no ombro do garoto. — Acontece, meu rapaz, acontece! Agora, uma bebida refrescante, e talvez você possa voltar ao Salão Principal? O exame está quase terminando, mas você talvez consiga concluir satisfatoriamente a última pergunta?
— Sim — respondeu Harry sem pensar. — Quero dizer... não... já fiz... fiz tudo que pude, acho...
— Muito bem, muito bem — disse o velho bruxo gentilmente. — Então vou recolher o seu exame e sugiro que vá se deitar um pouco.
— Vou fazer isso — disse Harry, acenando a cabeça com vigor. – Muitíssimo obrigado.
No segundo que os calcanhares do velho desapareceram pela porta do Salão Principal, Harry subiu correndo a escadaria de mármore, precipitou-se pelos corredores com tal velocidade que os retratos pelos quais passava resmungavam censuras, subiu outras tantas escadas e finalmente irrompeu como um furacão pelas portas duplas da ala hospitalar, fazendo Madame Pomfrey — que estava levando uma colher com um líquido azul à boca de Montague — gritar assustada.
— Potter, que é que você pensa que está fazendo?
— Preciso ver a Profª McGonagall — ofegou Harry, a respiração ferindo seus pulmões. — Agora... é urgente!
— Ela não está aqui, Potter — respondeu a enfermeira tristonha. — Foi transferida para o St. Mungus hoje de manhã. Quatro Feitiços Estuporantes no peito na idade dela? É de admirar que não tenha morrido!
— Ela... não está? — exclamou Harry chocado.
A sineta tocou do lado de fora da enfermaria e ele ouviu o ronco distante habitual, os estudantes saindo para os corredores acima e abaixo da ala. Ele ficou muito quieto, olhando Madame Pomfrey. O terror invadiu-lhe o peito. Não havia mais ninguém a quem contar, Dumbledore se fora, Hagrid se fora, mas sempre podia contar que a Profª McGonagall estivesse lá, irascível e inflexível, talvez, mas sempre confiável, concretamente presente...
— Não me admiro que você esteja chocado, Potter – disse Madame Pomfrey, com uma espécie de feroz aprovação no rosto. — Como se algum deles pudesse ter estuporado Minerva McGonagall de frente, à luz do dia! Covardia, é o que foi... covardia desprezível... se eu não estivesse preocupada com o que aconteceria com os estudantes sem mim, eu me demitiria em protesto.
— Sim, senhora — concordou Harry sem pensar.
E saiu às cegas da ala hospitalar para o corredor apinhado onde parou, empurrado pela multidão, o pânico se expandindo dentro dele como um gás venenoso fazendo sua cabeça girar e impedindo-o de pensar no que fazer... Rony e Hermione, disse uma voz em sua cabeça.
Recomeçou a correr, empurrando os estudantes para os lados, surdo aos seus protestos indignados. Tornou a descer correndo dois andares e já estava no alto da escadaria de mármore quando viu os amigos que vinham apressados em sua direção.
— Harry! — chamou Hermione na mesma hora, parecendo muito assustada. — Que aconteceu? Você está bem? Está doente?
— Onde você esteve? — quis saber Rony.
— Venham comigo — disse Harry depressa. — Depressa, tenho de falar uma coisa para vocês.
Ele os levou para o corredor do primeiro andar, espiando pelos portais, e finalmente encontrou uma sala de aula vazia em que mergulhou, fechando a porta logo que Rony e Hermione entraram, e se apoiou na porta para encarar os amigos.
— Voldemort pegou Sirius.
— Quê?
— Como é que você...?
— Vi. Agorinha. Quando adormeci no exame.
— Mas... onde? Como? — perguntou Hermione, cujo rosto estava branco.
— Não sei como — falou Harry. – Mas sei exatamente onde. Tem uma sala no Departamento de Mistérios cheia de estantes com pequenas esferas de vidro, e eles estão no fim do corredor noventa e sete... ele está tentando usar Sirius para apanhar alguma coisa que quer lá de dentro... está torturando ele... diz que quando terminar vai matá-lo!
Harry achou que sua voz estava tremendo, como seus joelhos. Foi até uma carteira e se sentou, tentando se controlar.
— Como é que vamos chegar lá? — perguntou aos amigos. Fez-se um momento de silêncio. Então Rony perguntou:
— Ch-chegar lá?
— Chegar ao Departamento de Mistérios para poder salvar Sirius! — disse Harry em voz alta.
— Mas... Harry... — disse Rony com a voz fraca.
— Quê? Quê? – exclamou Harry.
Não conseguia entender por que os dois estavam boquiabertos como se ele estivesse lhes pedindo alguma coisa irracional.
— Harry — disse Hermione com a voz muito assustada —, ah... como... como foi que Voldemort entrou no Ministério da Magia sem ninguém perceber a presença dele?
— Como é que eu vou saber? — urrou Harry. — A questão é como nós vamos entrar lá!
— Mas... Harry, pense — disse Hermione, chegando mais perto dele —, são cinco horas da tarde... o Ministério da Magia deve estar cheio de funcionários... como é que Voldemort e Sirius entraram lá sem serem vistos? Harry... eles são provavelmente os dois bruxos mais procurados do mundo... você acha que poderiam entrar em um prédio cheio de Aurores sem ninguém perceber?
— Eu não sei, Voldemort usou uma Capa da Invisibilidade ou qualquer outra coisa! — gritou Harry. — De qualquer maneira, o Departamento de Mistérios sempre esteve completamente vazio nas vezes que estive...
— Você nunca esteve lá, Harry — disse Hermione com a voz calma. — Você sonhou com aquele lugar, foi só.
— Não são sonhos normais! — gritou Harry para ela, se levantando e por sua vez se aproximando mais dela. Tinha vontade de sacudi-la. — Como é que você explica, então, o pai de Rony, o que foi aquilo, como é que eu soube o que tinha acontecido a ele?
— Ele tem razão — disse Rony baixinho, olhando para Hermione.
— Mas isto é simplesmente... simplesmente tão improvável! — disse Hermione desesperada. – Harry, como é que Voldemort poderia ter pegado Sirius se ele tem ficado o tempo todo no largo Grimmauld?
— Sirius pode ter pirado e tido vontade de tomar um ar fresco — disse Rony, parecendo preocupado. – Está desesperado para sair daquela casa há séculos...
— Mas por que — insistiu Hermione — Voldemort iria querer usar Sirius para apanhar a arma, ou seja lá o que for a tal coisa?
— Não sei, haveria um monte de razões! — berrou Harry. — Vai ver Sirius é só alguém que Voldemort não se importa de ferir...
— Sabe de uma coisa, acabou de me ocorrer – disse Rony aos sussurros. – O irmão de Sirius não era um Comensal da Morte? Talvez tenha contado a Sirius o segredo para conseguir a arma!
— É... e é por isso que Dumbledore tem insistido tanto em manter o Sirius trancado o tempo todo! — disse Harry.
— Olhe, sinto muito — exclamou Hermione —, mas nenhum de vocês dois está fazendo sentido, e não temos provas de nada disso, nem mesmo uma prova de que Voldemort e Sirius estejam lá...
— Hermione, Harry viu os dois! — disse Rony, se voltando para ela.
— O.k. — disse a garota, parecendo assustada, mas decidida. – Mas tenho que lhe dizer uma coisa...
— O quê?
— Você... e isto não é uma crítica, Harry! Mas você tem... meio que... quero dizer... você não acha que tem um pouco a... a... mania de salvar as pessoas?
Harry lançou a Hermione um olhar feroz.
— E o que quer dizer com "mania de salvar as pessoas"?
— Bom... você... — ela parecia mais apreensiva que nunca. — Quero dizer... no ano passado, por exemplo... no lago... durante o Torneio... você não devia... quero dizer, você não precisava salvar a menininha Delacour... você se... se empolgou um pouco...
Uma onda de raiva quente e incômoda percorreu o corpo de Harry; como é que Hermione podia lembrá-lo dessa mancada agora?
— Quero dizer, foi realmente legal de sua parte e tudo — acrescentou Hermione depressa, parecendo positivamente petrificada com a expressão no rosto de Harry —, todos acharam que foi um gesto maravilhoso...
— Que engraçado — disse Harry com a voz trêmula —, porque me lembro com certeza de ter ouvido Rony dizer que perdi tempo bancando o herói... é isso que você acha que é? Você supõe que eu queira agir como herói outra vez?
— Não, não, não! — disse Hermione, estupefata. — Eu não quis dizer nada disso!
— Bom, então desembucha logo o que você quer dizer, porque estamos perdendo tempo aqui! — gritou Harry.
— Estou tentando dizer: Voldemort conhece você, Harry! Ele levou Gina para a Câmara Secreta para atraí-lo, é o tipo de coisa que ele faz, ele sabe que você é... uma pessoa que iria em socorro de Sirius! E se agora estiver só tentando atrair você ao Departamento de Mist...?
— Hermione, não faz diferença se ele fez isso para me atrair ou não, levaram McGonagall para o St. Mungus, não restou ninguém da Ordem em Hogwarts a quem a gente possa contar nada, e se não formos, Sirius morre!
— Mas Harry... e se o seu sonho foi... foi apenas isso: um sonho? Harry deixou escapar um urro de frustração. Hermione chegou a recuar para longe, assustada.
— Você não está entendendo! — gritou Harry para ela. — Não estou tendo pesadelos, não estou apenas sonhando! Para que você acha que foi toda aquela Oclumência, por que você acha que Dumbledore queria me impedir de ver essas coisas? Porque elas são REAIS, Hermione: Sirius caiu em uma armadilha, eu vi. Voldemort o pegou, e mais ninguém sabe disso, o que significa que somos os únicos que podemos salvá-lo, e se você não quiser me acompanhar, ótimo, mas eu vou, entendeu? E se me lembro corretamente, você não fez nenhuma objeção à minha mania de salvar pessoas quando eu estava salvando você dos Dementadores ou — e se virou para Rony — quando eu estava salvando sua irmã do basilisco...
— Eu nunca disse que fazia objeção! — replicou Rony, indignado.
— Mas, Harry, você acabou de dizer — lembrou Hermione zangada —, Dumbledore queria que você aprendesse a fechar sua mente a essas visões, e se você tivesse aprendido Oclumência direito nunca teria visto nada.
— SE VOCÊ ACHA QUE EU VOU AGIR COMO SE NÃO TIVESSE VISTO...
— Sirius lhe disse que não havia nada mais importante do que aprender a fechar sua mente!
— BOM, ACHO QUE ELE DIRIA OUTRA COISA SE SOUBESSE O QUE ACABEI DE...
A porta da sala de aula se abriu. Harry, Rony e Hermione se viraram depressa. Gina entrou, curiosa, acompanhada por Luna que, como sempre, parecia que fora parar ali por acaso.
— Oi — disse Gina, insegura. – Reconhecemos a voz de Harry. Por que é que você está gritando?
— Não é da sua conta — respondeu Harry grosseiramente. Gina ergueu as sobrancelhas.
— Não precisa usar esse tom de voz comigo — disse tranqüila. — Eu só pensei que talvez pudesse ajudar.
— Pois não pode — respondeu ele secamente.
— Você está sendo muito grosseiro, sabe? — disse Luna com serenidade.
Harry disse um palavrão e deu as costas. A última coisa que ele queria agora era conversar com Luna Lovegood.
— Espere — disse Hermione de repente. — Espere... Harry, elas podem ajudar.
Harry e Rony olharam para Hermione.
— Escute — disse ela com urgência. — Harry, precisamos determinar se Sirius realmente deixou a sede.
— Eu já lhe disse que...
— Harry, estou lhe suplicando, por favor! — insistiu Hermione desesperada. — Por favor, vamos verificar se Sirius está em casa antes de sair correndo para Londres. Se descobrirmos que ele não está lá, então juro que não vou tentar impedir você. Vou junto, f-farei o que for preciso para tentar salvá-lo.
— Sirius está sendo torturado AGORA! — gritou Harry. — Não temos tempo a perder.
— Mas se isso for um truque de Voldemort, Harry, precisamos verificar, simplesmente precisamos.
— Como? — quis saber Harry. — Como é que vamos verificar?
— Teremos de usar a lareira da Umbridge e ver se conseguimos falar com ele — disse Hermione, que agora parecia decididamente aterrorizada com sua idéia. — Vamos afastar Umbridge da sala outra vez, precisaremos de vigias, e é aí que podemos usar Gina e Luna.
— Nós faremos. — Embora fosse visível que Gina se esforçava para entender o que estava acontecendo, ela concordou imediatamente.
— Quando você diz "Sirius", você está se referindo ao Toquinho Boardman? — disse Luna.
Ninguém lhe respondeu.
— O.k. — disse Harry agressivamente a Hermione. — O.k., se você puder pensar em um jeito de fazer isso rápido, estou com você, do contrário estou indo para o Departamento de Mistérios agora mesmo.
— O Departamento de Mistérios? — perguntou Luna, parecendo ligeiramente surpresa. — Mas como é que você vai chegar lá?
De novo, Harry a ignorou.
— Certo — disse Hermione, torcendo as mãos e andando para cima e para baixo entre as carteiras. — Certo... bom... um de nós tem de ir procurar a Umbridge e despachá-la na direção oposta, para mantê-la afastada da sala dela. Podiam dizer... sei lá... que Pirraça está fazendo alguma barbaridade como sempre...
— Farei isso — disse Rony na mesma hora. — Direi que Pirraça está destruindo o departamento de Transfiguração ou outra coisa qualquer que fique a quilômetros do escritório dela. Pensando bem, eu provavelmente poderia convencer Pirraça a fazer isso se o encontrasse pelo caminho.
Foi um sinal da gravidade da situação que Hermione não fizesse objeções a destruir o departamento de Transfiguração.
— O.k. — disse a garota, a testa enrugada, enquanto continuava a andar para lá e para cá. — Agora precisamos afastar imediatamente os estudantes da sala da Umbridge enquanto forçamos a entrada, ou algum aluno da Sonserina vai acabar informando a ela.
— Luna e eu podemos ficar uma em cada ponta do corredor — disse Gina prontamente —, e avisar às pessoas para não descerem até lá porque alguém soltou uma carga de Gás Garroteante. — Hermione pareceu surpresa com a rapidez com que Gina inventara essa mentira; a garota encolheu os ombros e disse: — Fred e Jorge estavam planejando fazer isso antes de ir embora.
— O.k. – concordou Hermione. – Bom, então, Harry, você e eu vamos usar a Capa da Invisibilidade e entrar na sala da Umbridge, e você pode falar com o Sirius.
— Ele não está lá, Hermione!
— Quero dizer, você pode... pode verificar se Sirius está ou não em casa enquanto eu vigio, acho que você não devia ficar na sala sozinho. Lino já provou que a janela é um ponto fraco, mandando aqueles pelúcios por lá.
Mesmo em sua raiva e impaciência, Harry reconheceu no oferecimento de Hermione para acompanhá-lo à sala da Umbridge um sinal de solidariedade e lealdade.
— Eu... o.k., obrigado — murmurou.
— Certo, bom, mesmo se fizermos tudo isso, acho que não vamos poder contar com mais de cinco minutos — disse Hermione, com um ar de alívio ao ver que Harry parecia ter aceitado o plano —, não com o Filch e a maldita Brigada Inquisitorial soltos pelos corredores.
— Cinco minutos serão suficientes — disse Harry. — Vamos andando, então...
— Agora? — exclamou Hermione, parecendo chocada.
— Claro que é agora! — disse Harry, zangado. — Que é que você pensou, que íamos esperar até depois do jantar ou outra hora qualquer? Hermione, Sirius está sendo torturado neste momento!
— Eu... ah, tudo bem — disse a garota, desesperada. — Vai apanhar a Capa da Invisibilidade e encontraremos você no fim do corredor da Umbridge, o.k.?
Harry não respondeu, precipitou-se para fora da sala e começou a abrir caminho pela multidão que transitava ali. Dois andares acima ele encontrou Simas e Dino, que o cumprimentaram jovialmente e avisaram que estavam programando uma comemoração do fim dos exames, do anoitecer ao alvorecer, na sala comunal. Harry mal ouviu o que diziam. Trepou pelo buraco do retrato enquanto eles continuavam a discutir quantas cervejas amanteigadas do mercado negro iriam precisar e já estava de volta trazendo a Capa da Invisibilidade e o canivete de Sirius bem guardados na mochila, antes que os colegas notassem que ele os abandonara.
— Harry, você quer contribuir com uns dois galeões? O Haroldo Dingle calcula que poderia nos vender um pouco de uísque de fogo...
Mas Harry já voltava correndo pelo corredor, e uns dois minutos mais tarde saltava as últimas escadas para se encontrar com Rony, Hermione, Gina e Luna, já agrupados no fim do corredor da Umbridge.
— Estão comigo — ofegou ele. — Pronta para ir, então?
— Vamos — cochichou Hermione, quando passava uma turma de sextanistas barulhentos. — Então Rony... você vai despistar a Umbridge... Gina e Luna, podem começar a tirar as pessoas do corredor... Harry e eu vamos pôr a Capa da Invisibilidade e esperar até a barra ficar limpa...
Rony se afastou, seus cabelos muito ruivos visíveis até o fim do corredor; ao mesmo tempo, a cabeça igualmente colorida de Gina subia e descia entre os estudantes que se acotovelavam ao redor, indo na direção oposta, seguida pela cabeça loura de Luna.
— Entre aqui — murmurou Hermione, puxando o pulso de Harry e fazendo-o recuar para um recesso onde a cabeça de pedra de um feio bruxo medieval resmungava em um pedestal. — Tem... tem... tem certeza de que você está o.k., Harry? Você ainda está muito pálido.
— Estou ótimo — respondeu ele com brevidade, tirando a Capa da Invisibilidade da mochila. Na verdade, a cicatriz estava doendo, mas não tão forte que o levasse a pensar que Voldemort já dera em Sirius o golpe fatal; doera muito mais quando Voldemort estava castigando Avery..
"Aqui", disse ele; atirou, então, a capa sobre os dois e ficaram escutando atentamente, apesar dos murmúrios em latim do busto do bruxo.
— Vocês não podem vir por aqui! — Gina gritava para a multidão. – Não, me desculpem, vocês vão ter de dar a volta pela escada giratória, alguém soltou Gás Garroteante por aqui...
Eles ouviam as pessoas reclamando; uma voz mal-humorada disse: "Não estou vendo gás algum."
— É porque ele é incolor — disse Gina em tom exasperado e convincente —, mas se você quer passar pelo gás, sirva-se, aí teremos o seu corpo para provar ao próximo idiota que não acreditar em nós.
Lentamente, a multidão se dispersou. A notícia sobre o Gás Garroteante parecia ter se espalhado; as pessoas não estavam mais vindo. Quando finalmente a área circunvizinha ficou deserta, Hermione disse baixinho:
— Acho que isso é o melhor que a gente vai conseguir, Harry, anda, vamos logo.
Eles se adiantaram, cobertos pela capa. Luna estava parada de costas para eles no extremo do corredor. Ao passarem por Gina, Hermione sussurrou:
— Bruxinha... não esqueça de dar o sinal.
— Qual é o sinal? — murmurou Harry, ao se aproximarem da porta de Umbridge.
— Um coro em altas vozes de "Weasley é nosso rei", se virem a Umbridge se aproximar — respondeu Hermione, enquanto Harry enfiava a lâmina do canivete de Sirius na fresta entre a porta e a pare de. A fechadura se abriu com um estalo e eles entraram.
Os gatinhos espalhafatosos estavam aproveitando o sol de fim de tarde que aquecia seus pratos, mas, tirando isso, a sala estava silenciosa e desocupada como da última vez. Hermione deu um suspiro de alívio.
— Pensei que ela tivesse reforçado as medidas de segurança depois do segundo pelúcio.
Eles tiraram a capa; Hermione correu para a janela e ficou escondida, espiando para os terrenos da escola com a varinha na mão. Harry se precipitou para a lareira, agarrou o pote de Pó de Flu e atirou uma pitada na grade, fazendo irromper as chamas cor de esmeralda. Ajoelhou-se depressa, e disse: "Largo Grimmauld, número doze!"
Sua cabeça começou a girar como se ele tivesse acabado de descer de um carrossel, embora os joelhos continuassem firmemente plantados no chão frio da sala. Harry manteve os olhos bem fechados para protegê-los do redemoinho de cinzas e, quando parou de girar, ele os abriu e deparou com a cozinha longa e fria do largo Grimmauld.
Não havia ninguém lá. Esperara que isso acontecesse, mas não estava preparado para a onda de medo e pânico que pareceu ter açoitado o seu estômago à vista do aposento deserto.
— Sirius? — gritou. — Sirius, você está aí?
Sua voz ecoou pelo aposento, mas não houve resposta exceto um ruidinho de passos à direita do fogão.
— Quem está aí? — chamou, em dúvida se poderia ser um ratinho.
Monstro, o elfo doméstico, apareceu. Tinha um ar extremamente satisfeito, embora parecesse ter sofrido recentemente graves ferimentos nas duas mãos, envoltas em pesadas bandagens.
— É a cabeça do garoto Potter no fogão — Monstro informou à cozinha vazia, lançando olhares furtivos e estranhamente triunfantes a Harry. — O que terá vindo fazer Monstro se pergunta?
— Onde está Sirius, Monstro? — indagou Harry. O elfo doméstico deu uma risada asmática.
— O senhor saiu, Harry Potter.
— Aonde é que ele foi? Aonde é que ele foi, Monstro? — Monstro meramente gargalhou.
— Estou lhe avisando! — disse Harry, consciente de que o espaço de que dispunha para castigar o elfo era quase inexistente na presente posição. — E Lupin? Olho-Tonto? Algum deles, tem alguém aqui?
— Ninguém aqui a não ser Monstro — disse o elfo alegremente e dando as costas a Harry, se dirigiu lentamente para a porta no fundo da cozinha. — Monstro acha que vai conversar com a senhora dele agora, sim, há muito tempo que não tem uma chance. O senhor do Monstro não deixa ele se aproximar da senhora...
— Aonde é que Sirius foi? — berrou Harry para o elfo. – Monstro, ele foi para o Departamento de Mistérios?
Monstro parou de chofre. Harry conseguia divisar apenas sua nuca pelada através da floresta de pernas de cadeiras à sua frente.
— O senhor não diz ao pobre Monstro aonde vai — respondeu o elfo em voz baixa.
— Mas você sabe! — gritou Harry. — Não sabe? Você sabe onde ele está.
Houve um momento de silêncio, e então o elfo soltou uma gargalhada ainda mais alta do que as anteriores.
— O senhor não vai voltar do Departamento de Mistérios! — disse alegremente. — Monstro e sua senhora estão outra vez sozinhos!
Então saiu correndo e desapareceu pela porta do corredor.
— Seu...!
Mas antes que pudesse lançar um único feitiço ou dizer um único palavrão, Harry sentiu uma grande dor no topo da cabeça; inspirou uma quantidade de cinzas e, engasgando, sentiu que o puxavam de costas pelas chamas, até que de maneira terrivelmente instantânea ele se viu diante da cara larga e pálida da Profª Umbridge, que o arrastara para fora da lareira pelos cabelos e agora virava o seu pescoço para trás até o limite, como se pretendesse cortar sua garganta.
— Você acha — sussurrou ela, forçando o pescoço do garoto para trás, obrigando-o a olhar para o teto — que depois de dois pelúcios eu ia deixar mais algum bichinho imundo, comedor de carniça, entrar na minha sala sem o meu conhecimento? Mandei instalar Feitiços Sensores de Atividade Furtiva ao redor da minha porta depois do último, seu tolo. Tire a varinha dele — vociferou a diretora para alguém que ele não pôde ver, e Harry sentiu uma mão tatear o bolso superior de suas vestes e apanhar sua varinha. — A dela também.
Harry ouviu um rebuliço ao lado da porta, e concluiu que tinham acabado de arrancar a varinha da mão de Hermione.
— Quero saber por que você está na minha sala — disse Umbridge, sacudindo a mão que agarrava seus cabelos e o fazendo cambalear.
— Eu estava tentando recuperar a minha Firebolt! — respondeu Harry rouco.
— Mentiroso. – Ela tornou a sacudi-lo. — Sua Firebolt está sob rigorosa vigilância nas masmorras, como sabe muito bem, Potter. Você estava com a cabeça metida na minha lareira. Com quem você esteve se comunicando?
— Com ninguém — disse Harry tentando se desvencilhar. Sentiu vários fios de cabelo darem adeus à sua cabeça.
— Mentiroso! — gritou Umbridge. Atirou-o para longe e ele bateu na escrivaninha. Dali pôde ver Hermione manietada na parede por Emília Bulstrode. Malfoy estava encostado no parapeito da janela, e sorria afetadamente brincando de atirar a varinha de Harry no ar com uma das mãos.
Ouviu-se um tumulto do lado de fora e alguns alunos corpulentos da Sonserina entraram, cada um, por sua vez, segurando, Rony, Gina, Luna e — para perplexidade de Harry — Neville, que, imobilizado por uma gravata de Crabbe, parecia correr o risco iminente de sufocar. Os quatro tinham sido amordaçados.
— Apanhei todos — disse Warrington, empurrando Rony com violência para dentro da sala. — Aquele ali — e indicou Neville com um dedo grosso — tentou me impedir de apanhar essa outra — e indicou Gina, que tentava chutar as canelas da garotona da Sonserina que a prendia —, então trouxe-o também.
— Ótimo, ótimo — aprovou Umbridge, observando a resistência de Gina. — Bom, parece que em breve Hogwarts será uma zona livre dos Weasley, não?
Malfoy soltou uma risada alta de puxa-saco. Umbridge lançou à menina um sorriso largo e indulgente, e se acomodou em sua poltrona forrada de chintz, piscando para os prisioneiros como um sapo em um canteiro de flor.
— Então, Potter, você colocou vigias ao redor da minha sala e mandou esse palhaço — ela acenou para Rony, Malfoy riu ainda mais alto — me dizer que o poltergeist estava fazendo uma destruição no departamento de Transfiguração, quando eu sabia muito bem que ele estava ocupado em borrar de tinta as lentes dos telescópios: o Sr. Filch acabara de me informar isso.
— Pelo visto era muito importante para você falar com alguém. Era Alvo Dumbledore? Ou o mestiço Hagrid? Duvido que fosse Minerva McGonagall, soube que continua doente demais para falar.
Malfoy e alguns membros da Brigada Inquisitorial deram mais risadas. Harry descobriu que sentia tanta raiva e tanto ódio que estava tremendo.
— Não é de sua conta com quem eu falo — vociferou. O rosto flácido de Umbridge pareceu se contrair.
— Muito bem — disse em seu tom mais perigoso e falsamente meigo. — Muito bem, Sr. Potter... Ofereci-lhe uma chance de me contar voluntariamente. O senhor a recusou. Não me resta alternativa senão forçá-lo. Draco, vá buscar o Prof. Snape.
Malfoy guardou a varinha de Harry no bolso interno das vestes e saiu da sala rindo, mas Harry nem reparou. Acabara de perceber uma coisa; não conseguia acreditar que tivesse sido tão burro de esquecê-la. Pensara que todos os membros da Ordem, todos os que poderiam ajudá-lo a salvar Sirius, tivessem partido — mas se enganara. Ainda havia um membro da Ordem da Fênix em Hogwarts — Snape.
Fez-se silêncio na sala exceto pela inquietação e o arrastar de pés dos alunos da Sonserina se esforçando para conter Rony e os outros. A boca de Rony sangrava no tapete da Umbridge, empenhado que estava em se livrar da chave de nuca que Warrington lhe aplicava; Gina ainda tentava pisar os pés da sextanista que prendia seus braços. O rosto de Neville ia se tornando mais roxo enquanto o garoto fazia força para se desvencilhar da chave de Crabbe; e Hermione tentava, em vão, jogar Emília Bulstrode longe. Luna, porém, estava parada e descontraída ao lado do seu captor, olhando distraidamente pela janela, como se a cena a entediasse.
Harry olhou para Umbridge, que o observava com atenção. Mantinha o rosto deliberadamente sem rugas e vazio de expressão, quando ouviram passos no corredor e Draco Malfoy entrou na sala e ficou segurando a porta aberta para Snape passar.
— A senhora queria me ver, diretora? — disse Snape olhando para os pares de estudantes que se debatiam com uma expressão de completa indiferença.
— Ah, Prof. Snape — disse Umbridge, abrindo um grande sorriso e se erguendo da mesa. — Sim, gostaria que me desse mais um frasco de Veritaserum, o mais depressa possível, por favor.
— A senhora trouxe o meu último frasco para interrogar Potter — informou ele, estudando-a calmamente através de suas cortinas de cabelos negros oleosos. — Certamente a senhora não o gastou todo? Eu a preveni que três gotas seriam suficientes.
Umbridge corou.
— O senhor pode preparar mais um pouco, não pode? — perguntou, sua voz mais meiga e mais infantil como sempre acontecia quando estava furiosa.
— Com certeza — respondeu Snape crispando os lábios. – Leva um ciclo de plenilúnio para maturar, portanto eu o terei pronto mais ou menos dentro de um mês.
— Um mês? — grasnou Umbridge, inchando como um sapo. — Um mês? Mas preciso para hoje à noite, Snape! Acabei de encontrar Potter usando a minha lareira para se comunicar com uma pessoa ou pessoas desconhecidas!
— Sério? — admirou-se Snape, mostrando seu primeiro e pálido sinal de interesse e se virando para Harry. – Bom, não me surpreende. Potter jamais manifestou grande respeito pelo regulamento da escola.
Seus olhos frios e escuros perfuraram os de Harry, que sustentou o seu olhar sem piscar, fazendo força para se concentrar no que vira em seu sonho, desejoso que Snape lesse sua mente e compreendesse...
— Gostaria de interrogá-lo! — gritou Umbridge zangada, e Snape desviou o olhar de Harry, para o rosto furioso e trêmulo da diretora. — Gostaria que o senhor me fornecesse uma poção que o force a me contar a verdade!
— Eu já lhe disse — respondeu Snape suavemente — que acabou o meu estoque deVeritaserum. A não ser que a senhora tencione envenenar Potter, e posso lhe garantir que teria a minha solidariedade se fizesse isso, não posso ajudá-la. O único problema é que a maioria dos venenos age com rapidez excessiva e não deixa à vítima muito tempo para contar a verdade.
Snape tornou a olhar para Harry, que retribuiu o olhar, louco para se comunicar sem falar.
Voldemort está com o Sirius no Departamento de Mistérios, pensou ele desesperadamente. Voldemort está com o Sirius...
— O senhor está em observação! — guinchou Umbridge, e Snape tornou a olhá-la, com as sobrancelhas ligeiramente erguidas. — O senhor está sendo deliberadamente imprestável! Eu esperava mais, Lúcio Malfoy sempre me fala muitíssimo bem do senhor! Agora saia da minha sala!
Snape fez uma curvatura irônica para a diretora e se virou para sair. Harry sabia que a última oportunidade de informar à Ordem o que estava acontecendo ia saindo pela porta.
— Ele tem Almofadinhas! – gritou. – Tem Almofadinhas no lugar em que está escondido!
Snape parara com a mão na maçaneta da porta.
— Almofadinhas! – exclamou a Profª Umbridge, olhando ansiosa de Harry para Snape. – Que é Almofadinhas? Onde o que está escondido? Que é que ele está dizendo, Snape?
Snape se virou para Harry. Seu rosto estava inescrutável. O garoto não sabia dizer se ele entendera, mas não ousava falar mais claramente na presença de Umbridge.
— Não faço idéia – respondeu o professor com frieza. – Potter, quando eu quiser que você grite bobagens, lhe darei uma Poção da Incoerência. E Crabbe, afrouxe o seu golpe um pouco. Se Longbottom sufocar teremos muitos documentos para preencher e receio que serei obrigado a mencionar isso em suas referências, se algum dia você se candidatar a um emprego.
Snape fechou a porta com um estalo ao passar, deixando Harry mais perturbado do que antes. O professor fora sua última chance. Ele olhou para Umbridge, que parecia estar em situação igual; seu peito arfava de raiva e frustração.
— Muito bem – disse a diretora e puxou a varinha. – Muito bem... você não me deixa alternativa... isto é mais do que um caso de disciplina escolar... é uma questão de segurança ministerial... sim... sim...
Parecia estar querendo se convencer de alguma coisa. Mudava o apoio do corpo nervosamente de um pé para o outro, encarando Harry, batendo a varinha na palma da mão vazia e respirando com esforço. Ao observá-la, Harry se sentiu barbaramente impotente sem a própria varinha.
— Você está me obrigando... eu não quero – disse Umbridge, ainda se mexendo inquieta no mesmo lugar –, mas às vezes as circunstâncias justificam o uso... Tenho certeza de que o ministro entenderá que não tive escolha...
Malfoy a observava com uma expressão voraz no rosto.
— A Maldição Cruciatus deverá soltar a sua língua – disse Umbridge em voz baixa.
— Não! – gritou Hermione. – Profª Umbridge: isto é ilegal.
Mas Umbridge não lhe deu atenção. Tinha uma expressão maligna, ansiosa, excitada no rosto que Harry nunca vira antes. Ergueu a varinha.
— O ministro não iria querer que a senhora desrespeitasse a lei, Profª Umbridge – exclamou Hermione.
— O que Cornélio não sabe não lhe tira pedaço – disse Umbridge, que agora ofegava levemente ao apontar a varinha para uma parte diferente do corpo de Harry de cada vez, aparentemente tentando se decidir onde doeria mais. – Ele nunca soube que mandei Dementadores atrás de Potter no verão passado, mas ainda assim ficou encantado de ter a oportunidade de expulsá-lo.
— Foi a senhora? – admirou-se Harry. – A senhora mandou os Dementadores atrás de mim?
— Alguém tinha de agir – sussurrou Umbridge, a varinha apontada diretamente para a testa de Harry. – Estavam todos se queixando que queriam silenciá-lo, desacreditá-lo, mas eu fui a pessoa que realmente fez alguma coisa... mas você conseguiu se livrar, não foi, Potter? Mas não hoje, nem agora.
E inspirando profundamente, ordenou:
— Cruc...
— NÃO! – gritou Hermione com a voz entrecortada por trás de Emília Bulstrode. – Não... Harry... teremos de contar a ela!
— Nem pensar! — berrou Harry, encarando o pedacinho de Hermione que conseguia ver.
— Teremos, Harry, ela obrigará você a falar, de... de que adianta? — E Hermione começou a chorar baixinho nas costas das vestes de Emília. A garota parou imediatamente de querer esmagá-la contra a parede e se afastou com nojo.
— Ora, ora, ora! – disse Umbridge, com uma expressão triunfante. – A Senhorita Perguntadeira vai nos dar algumas respostas. Vamos, então, menina, fale!
— Her... mi... ni... não! — gritou Rony através da mordaça. Gina arregalava os olhos para Hermione como se nunca a tivesse visto antes. Neville, ainda tentando respirar, encarava-a também. Mas Harry acabara de reparar em uma coisa. Embora Hermione estivesse soluçando desesperadamente com o rosto nas mãos, não havia nem sinal de lágrimas.
— Desculpe... desculpe, gente – disse Hermione. – Mas... não dá para agüentar...
— Certo, certo, garota! – disse Umbridge, agarrando Hermione pelos ombros, atirando-a no cadeirão de chintz e se curvando para ela. – Agora, então... com quem Potter estava se comunicando ainda há pouco?
— Bom — Hermione engoliu em seco, ainda com as mãos no rosto —, bom, ele estava tentando falar com o Prof. Dumbledore.
Rony congelou, os olhos arregalados; Gina parou de tentar pisar os dedos dos pés de sua captora; e até Luna pareceu meio surpresa. Felizmente, a atenção de Umbridge e seus policiais estava concentrada muito exclusivamente em Hermione para reparar nesses indícios suspeitos.
— Dumbledore! — exclamou Umbridge ansiosa. — Você sabe onde Dumbledore está, então?
— Bom... não! — soluçou Hermione. — Experimentamos o Caldeirão Furado no Beco Diagonal e o Três Vassouras e até o Cabeça de Javali...
— Menina idiota... Dumbledore não vai ficar sentado em um pub com o Ministério todo à procura dele! — gritou Umbridge, o desapontamento gravado em cada ruga frouxa de seu rosto.
— Mas... mas precisava contar a ele uma coisa importante! — gemeu Hermione, apertando ainda mais as mãos contra o rosto, não, sabia Harry, de aflição, mas para disfarçar a contínua ausência de lágrimas.
— Então? — perguntou Umbridge com um súbito arroubo de excitação. —
Que é que vocês queriam contar a ele?
— Nós... nós queríamos contar que está p-pronta! — engasgou-se Hermione.
— Que é que está pronta! — Umbridge exigiu saber, e tornou a agarrar Hermione pelos ombros e a sacudi-la de leve. – Que é que está pronta, menina?
— A... a arma.
— Arma? Arma? — repetiu Umbridge, e seus olhos saltaram de excitação. — Vocês estiveram pesquisando algum método de defesa? Uma arma que poderiam usar contra o Ministério? Por ordem do Prof. Dumbledore, é claro.
— S-s-im — ofegou Hermione —, mas ele teve de partir antes de terminar, e ag-g-ora terminamos e não c-c-conseguimos encontrá-lo p-p-para avisar!
— Que tipo de arma é? — perguntou Umbridge asperamente, suas mãos curtas ainda apertando os ombros de Hermione.
— Não sabemos r-r-realmente — disse Hermione fungando alto. — Só f-f-fizemos o que o P-P-Prof. Dumbledore nos disse p-p-para fazer.
Umbridge se endireitou, parecendo exultante.
— Me leve até a arma — disse.
— Não vou mostrar a... eles — disse Hermione com a voz aguda, olhando para os alunos da Sonserina por entre os dedos.
— Não cabe a você impor condições – disse a professora com aspereza.
— Ótimo – argumentou Hermione, agora soluçando, o rosto nas mãos. – Ótimo... deixe eles verem, espero que a usem contra a senhora! Na verdade, eu gostaria que a senhora convidasse uma multidão para vir ver! S-seria bem feito... ah, eu adoraria que a escola t-toda soubesse onde está e como usá-la, e quando a senhora aborrecesse alguém, ele poderia d-dar um jeito na senhora!
Essas palavras produziram um forte impacto em Umbridge: ela olhou com rapidez e desconfiança para sua Brigada Inquisitorial, seus olhos saltados detendo-se por um momento em Malfoy, que foi lento demais para disfarçar a expressão de ansiedade e cobiça que apareceu em seu rosto.
Umbridge estudou Hermione por outro longo momento, então falou num tom que claramente pensava ser maternal.
— Muito bem, querida, então vamos só você e eu... e levaremos Potter também, está bem? Levante-se agora.
— Professora – chamou Malfoy ansioso –, Profª Umbridge, acho que alguns membros da Brigada deveriam ir com a senhora para cuidar...
— Eu sou funcionária credenciada do Ministério, Malfoy, você acha realmente que não posso cuidar de dois adolescentes sem varinha? – perguntou com rispidez. – De qualquer modo, não me parece que essa arma deva ser vista por alunos. Você vai ficar aqui até a minha volta garantindo que nenhum desses – ela fez um gesto abarcando Rony, Gina, Neville e Luna – fuja.
— Certo – disse Malfoy, parecendo ofendido e desapontado.
— E vocês dois podem ir à minha frente para indicar o caminho – disse Umbridge, apontando Harry e Hermione com a varinha. – Andem então.