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Unknown
junho 04, 2014
Capítulo 4
O carro virou à direita no fim da Rua dos Alfeneiros, suas janelas brilharam por um momento durante aquele pôr do Sol e então o carro já havia partido.
Harry pegou a gaiola de Edwiges, sua Firebolt e sua mochila, deu uma última olhada em seu quarto, e fez seu caminho de volta ao hall, onde ele deixou a gaiola, vassoura e mochila ao pé da escada. A luz estava se esvaindo mais rapidamente agora, o hall cheio de sombras na luz do anoitecer.
Houve o estranho sentimento de estar parado ali no silêncio e saber que ele estava para deixar a casa pela última vez. Há muito, quando ele era deixado para trás sozinho enquanto os Dursleys saiam para se divertir, as horas de solidão eram raras. Parando somente para comer algo bom da frigideira, ele corria para cima para jogar no computador de Duda ou assistir TV. Ele teve um súbito momento de felicidade ao lembrar desses tempos. Era como lembrar de um irmão mais novo que ele havia perdido.
— Você não quer dar uma última olhada neste lugar? — Ele perguntou a Edwiges, que permanecia com a cabeça embaixo da asa. — Quero dizer, olhe só para essa entrada. Que memórias... Duda vomitou aqui depois que o salvei dos dementadores... Acabou que ele foi grato depois de tudo, você pode acreditar?... E no último verão, Dumbledore veio através da porta da frente...
Harry perdeu a linha de seus pensamentos por um instante e Edwiges não fez nada para ajudá-lo, e sim continuou com sua cabeça embaixo de sua asa. Harry voltou suas costas para a porta da frente.
— E bem aqui embaixo — Harry abriu a porta embaixo das escadas — era onde eu costumava dormir! Você nunca me conheceu nessa época — Droga, isto é pequeno, eu tinha me esquecido...
Harry olhou em volta os sapatos e sombrinhas empilhados, lembrando de como ele costumava acordar todas as manhãs, olhando para cima por dentro da escadaria, a qual freqüentemente abrigava uma ou duas aranhas. Aqueles haviam sido os seus dias antes dele saber qualquer coisa sobre sua verdadeira identidade; antes dele descobrir como seus pais haviam sido mortos ou porque coisas estranhas sempre aconteciam à sua volta. Mas Harry ainda conseguia lembrar dos sonhos que o perturbavam, até mesmo naquela época; sonhos confusos envolvendo raios verdes, e — uma vez Tio Válter quase bateu o carro quando Harry contou — uma moto voadora.
Houve um repentino e ensurdecedor barulho vindo de algum lugar por perto. Harry levantou-se bruscamente e bateu sua cabeça no topo da porta. Parando apenas para utilizar alguns dos seletos palavrões de Tio Válter, ele voltou para a cozinha, enfiando a cabeça para fora da janela que dava para o jardim.
A escuridão parecia estar se agitando, o ar estava trêmulo. Então, uma a uma, figuras começaram a passar levemente à medida que suas magias de desilusionamento se extinguiam. Dominando a cena estava Hagrid, usando um capacete e óculos de proteção, sentado em uma enorme motocicleta com um carrinho preto apegado a si. Em toda a sua volta, outras pessoas estavam desmontando de suas vassouras, e, em dois casos, cavalos esqueléticos pretos com asas.
Abrindo de mau jeito a porta dos fundos, Harry correu até o meio deles. Houve um choro geral de cumprimento, enquanto Hermione jogava seus braços em volta dele, Rony deu um tapinha em suas costas e Hagrid disse — Tudo certo Harry? Pronto para irmos?
— Definitivamente — disse Harry, olhando todos a sua volta. — Mas eu não esperava tantos de vocês!
— Mudança de planos. — disse Olho-Tonto, que estava segurando dois enormes sacos cheios, e o qual o olho girava rapidamente, alternando entre Harry, a casa, o jardim e o céu. — Vamos para um lugar coberto antes de falar disso com você.
Harry guiou-os para a cozinha onde, rindo e batendo papo, eles sentaram dividindo-se entre cadeiras, sobre as brilhantes superfícies de Tia Petúnia, ou recostaram-se contra seus impecáveis aparelhos. Rony, alto e magro; Hermione, seus cheios cabelos presos para trás em uma longa trança; Fred e George, sorrindo idênticos; Gui, mal cicatrizado e com cabelos longos; Sr. Weasley, de rosto bondoso, careca, seus óculos um pouco tortos; Olho-Tonto, marcado por batalhas, com uma perna, seu olho mágico azul claro girando em sua órbita; Tonks, cujo cabelo estava em sua cor favorita de rosa claro; Lupin, mais grisalho e enrugado; Fleur, esguia e bonita, com seu longo cabelo loiro prateado; Kingsley, careca, negro, de ombros largos; Hagrid, seus cabelos e barba selvagens, estava curvado para evitar bater a cabeça no teto; e Mundungo Fletcher, pequeno, sujo, e de aparência desprezível, com seus caídos olhos de cão de caça e cabelos embaralhados. O coração de Harry parecia estar se irradiando de felicidade. Ele sentiu um inacreditável carinho por todos, até mesmo Mundungo, o qual ele tentou estrangular na última vez que haviam se visto.
— Kingsley, pensei que você estava cuidando do Primeiro Ministro — ele disse do outro lado da sala.
— Ele pode se virar sem mim por uma noite — disse Kingsley — Você é mais importante.
— Harry, adivinhe? — Disse Tonks de seu lugar no alto da máquina de lavar, e ela mostrou a ele sua mão esquerda, um anel se encontrava lá.
— Vocês se casaram? — Harry gritou, olhando de Lupin para ela.
— Ok, ok, nós teremos tempo para uma conversa agradável depois — Disse Moody, e o silêncio reinou sobre a cozinha. Moody pôs seus sacos a seus pés e se voltou para Harry.
— Assim como Dédalo provavelmente lhe contou, nós abandonamos o plano A. Thicknesse se foi, o que nos traz um grande problema. Segundo problema, você é menor de idade, o que significa que você ainda tem o Rastro sobre você.
— Eu não...
— O Rastro, o Rastro! — disse Olho-Tonto impacientemente. — O encanto que detecta atividades mágicas praticadas por menores, o jeito do Ministério encontrar menores infratores! Se você, ou qualquer um aqui, utilizar uma magia para transportar você, Thicknesse irá saber disso, e junto com ele os Comensais da Morte. Nós não podemos esperar o Rastro ser quebrado, porque no momento em que você atingir a maior idade, você perderá toda a proteção que sua mãe lhe deu. Resumindo: Thicknesse pensa que o encurralou.
Harry não pode fazer nada além de concordar com o desconhecido Thicknesse.
— Então o que faremos?
— Iremos usar o único método que nos restou, o único método que o Rastro não pode detectar, pois não dependemos de magia para utilizá-lo: Vassouras, Testrálios, e a moto de Hagrid.
Harry podia ver defeitos naquele plano, contudo, ele segurou sua língua para dar a Olho-Tonto a chance de continuar:
— Agora, o feitiço de sua mãe somente irá quebrar sobre duas condições: quando você atingir a idade, ou... – Moody gesticulou ao redor da impecável cozinha — Você não mais chame este lugar de casa. Você, sua tia e seu tio terão os caminhos separados esta noite, em total entendimento que jamais verão um ao outro novamente, certo?
Harry concordou.
— Então dessa vez, não haverá volta, e o encanto se quebrará assim que você sair do raio de visão. Nós escolhemos quebrá-la mais cedo, pois a única alternativa é esperar por Você-Sabe-Quem vir e te matar quando completar dezessete anos.
— O que nós temos ao nosso favor é que Você-Sabe-Quem não sabe que estamos te transportando esta noite. Nós deixamos escapar uma falsa pista para o Ministério: Eles acham que você não sairá até que o encanto seja desfeito. Contudo, estamos lidando com Você-Sabe-Quem, então nós não podemos contar com que ele realmente saiba a data errada. Ele provavelmente tem os Comensais Da Morte patrulhando os céus em toda essa área, por prevenção. Então, nós providenciamos para uma dúzia de casas diferentes toda a proteção que poderíamos. Todas elas parecem possíveis lugares os quais usaríamos para te esconder, todas tem alguma ligação com a Ordem; minha casa, a casa de Kingsley, a casa da Tia Muriel de Molly — você pegou a idéia.
— Sim. — Disse Harry, não totalmente confiante, pois ele ainda podia ver um grande buraco naquele plano.
— Nós iremos para a casa dos pais da Tonks. Uma vez que é a casa mais preparada para nos receber e devido aos encantamentos de proteção que lá jogamos, você poderá utilizar uma chave de portal até a Toca. Perguntas?
— Err... Sim. — Disse Harry. — Talvez eles não saibam qual das doze protegidas casas eu estou indo primeiro, porém não ficará óbvio? — contou rapidamente — quatorze de nós indo em direção a casa dos pais de Tonks?
— Ah!— disse Moody — Eu me esqueci de dizer o ponto-chave. Quatorze de nós não estarão voando para a casa dos pais de Tonks. Irão haver sete Harry Potters voando através dos céus hoje à noite, cada um deles com um companheiro, cada par indo para uma casa diferente.
De dentro de sua capa, Moody agora retirou uma garrafa cheia do que parecia lama. Não havia motivos para ele dizer qualquer outra palavra; Harry havia entendido todo o plano imediatamente.
— Não! — Ele disse de forma audível, sua voz ecoando pela cozinha — Nem pensar!
— Eu disse a eles que você reagiria dessa forma. — disse Hermione.
— Se vocês pensam que eu deixarei seis pessoas se arriscarem dessa forma –
— Não é a primeira vez para nenhum de nós — disse Rony.
— Dessa vez é diferente, fingindo ser eu
— Bem, nenhum de nós deseja isso Harry. — Disse Fred. — Imagina se algo dá errado e ficamos pra sempre com a sua cara cheia de espinha e magrelos.
Harry não riu.
— Vocês não podem fazer isso sem minha cooperação, vocês precisam de mim para lhes dar algum cabelo.
— Exatamente, não tem como nós continuarmos com o plano sem você cooperar. — disse Jorge.
— Sim! Treze de nós contra um cara que não pode usar magia; nós não temos a menor chance. — disse Fred.
— Engraçado. — disse Harry — Muito engraçado.
— Todos aqui são maiores de idade, Potter, e estão todos dispostos a se arriscar.
Mundungo deu de ombros e fez careta; O Olho mágico de Moody logo o fitou.
— Não vamos mais discutir. O tempo está passando. Eu quero um pouco de teu cabelo, garoto, agora!
— Mas isso é ruim, não há necessidade...
— “Não há necessidade!”, enfatizou Moody. — Com Você-Sabe-Quem lá fora e metade do Ministério do lado dele? Potter, se tivermos sorte, ele terá engolido a falsa pista e estará planejando te pegar somente em seu aniversário, mas ele provavelmente tem um ou dois comensais te vigiando, é o que eu faria. Eles podem não ser capazes de lhe pegar ou à esta casa enquanto o encantamento de sua mãe ainda existe, mas é só ele se quebrar e eles terão posse desse lugar. Nossa única chance é usar estes chamarizes. Até mesmo Você-Sabe-Quem não pode se dividir em sete.
Harry encontrou o olhar de Hermione e o desviou logo após.
— Então, Potter – Um pouco de teu cabelo, por favor.
Harry olhou para Rony de relance, este sinalizou um “Apenas o faça”.
— Agora. — irritou-se Moody.
Com todos o observando, Harry estendeu sua mão até sua cabeça, agarrou um punhado de cabelo, e puxou.
— Ótimo. — disse Moody, pegando o vidro de poção. — Logo aqui, por favor.
Harry jogou o cabelo no líquido lamacento. No momento em que houve contato em sua superfície, a poção começou a se modificar e então tornou-se, por fim, um claro dourado brilhante.
— Aaah, você parece muito mais apetitoso do que Crabbe e Goyle, Harry. — Disse Hermione, antes de focar as sobrancelhas levantadas de Rony, corando levemente ela disse. — Ah, você entendeu o que quis dizer – a poção de Goyle parecia “cocô”.
— Certo então. Falsos Potters, alinhem-se aqui, por favor. — disse Moody.
Rony, Hermione, Fred, Jorge e Fleur se alinharam em frente a impecável pia de Tia Petúnia.
— Falta um. — disse Lupin.
— Aqui. — disse Hagrid grosseiro, e levantou Mundungus pelo pescoço e o colocou ao lado de Fleur, que arredou ligeiramente para a outra direção.
— Isso está errado, eu deveria ser um protetor. — disse Mundungus.
— Quieto! — bravejou Moody. — Como eu já lhes disse, qualquer Comensal da Morte que encontrarmos terá a intenção de capturar Potter, não matá-lo. Dumbledore sempre dizia que Você-Sabe-Quem desejaria matá-lo pessoalmente. Os protetores são aqueles que mais tem o que temer; os Comensais da Morte não hesitarão em matá-los.
Mundungo não parecia exatamente tranqüilizado, mas Moody já estava pegando meia dúzia de copos de dentro de sua capa, os quais ele distribuiu, antes pondo um pouco de Poção Polissuco em cada um.
— Todos juntos, agora...
Rony, Hermione, Fred, Jorge, Fleur e Mundungus beberam. Todos eles engasgaram e fizeram caretas de nojo à medida que a poção atravessava suas gargantas; Na mesma hora, suas expressões começaram a borbulhar e distorcer como cera quente. Hermione e Mundungus davam chutes para cima; Rony, Fred e Jorge estava tremendo, seus cabelos estavam escurecendo, os de Hermione e Fleur pareciam estar voltando para dentro da cabeça..
Moody, um tanto despreocupado, estava agora afrouxando os nós dos largos sacos que ele havia trazido consigo. Quando ele endireitou-se, havia seis Harry Potters engasgando e cuspindo à sua frente. Fred e Jorge voltaram-se um para o outro e disseram ao mesmo tempo
— Uau, estamos idênticos!
— Eu não sei, todavia. Penso que continuo um pouco mais bonito. — Disse Fred examinando seu reflexo.
— Bah. — disse Fleur, checando a si mesma na porta do microondas. — Gui, não me olhe – estou terrível!
— Aqueles os quais as roupas estão um pouco largas, eu tenho menores aqui — disse Moody, indicando o primeiro saco, — e vice versa. Não esqueçam os óculos, há seis pares no bolso lateral. E quando estiverem vestidos, há bagagem no outro saco.
O Harry verdadeiro pensou que aquilo era a coisa mais estranha que ele já havia visto, e ele já havia visto coisas extremamente estranhas. Ele observou como suas seis cópias vasculharam os sacos, procurando as roupas, pondo óculos. Ele teve vontade de pedir a eles para demonstrarem um pouco mais de respeito pela sua privacidade à medida que eles começaram a trocar de roupas, tirando-as sem vergonha, claramente mais tranqüilos de estarem mostrando o corpo de Harry do que se estivessem com seus próprios corpos.
— Eu sabia que Gina estava mentindo sobre aquela tatuagem, — disse Rony, olhando para baixo para seu peito nu.
— Harry, sua visão é realmente terrível — disse Hermione, enquanto colocava seus óculos.
Uma vez vestidos, os falsos Harrys pegaram suas bagagens e gaiolas de corujas, cada uma contendo uma coruja branca empalhada, vindas do segundo saco.
— Ótimo. — disse Moody, quando o sétimo Harry terminara de se vestir, e aguardava com a bagagem pronta. Os Harrys encararam-no. — Os pares serão estes: Mundungo viajará comigo, de vassoura...
— Por que eu estou com você? — Grunhiu o Harry mais perto da porta dos fundos.
— Porque você é um dos que precisa ser vigiado, — Rosnou Moody, e Mundungo não saiu da mira de seu olho mágico. — Arthur e Fred...
— Eu sou Jorge, — disse o gêmeo para o qual Moody estava apontando. —Vocês não podem parar de nos confundir nem quando somos Harry?
— Desculpa, Jorge.
— Só estou te enchendo, na verdade sou o Fred.
— Chega de brincadeiras! — enraiveceu-se Moody — O outro – Jorge ou Fred ou qualquer um que seja – você esta com Remo. Senhorita Delacour...
— Levarei Fleur em um Testrálio, — disse Gui. — Ela não é muito fã de vassouras.
Fleur caminhou para o lado dele, lançando-lhe um olhar brilhoso e submisso e Harry desejou com todo seu coração que ele nunca mais aparecesse no rosto dele de novo.
— Senhorita Granger com Kingsley, também de Testrálios.
Hermione pareceu tranqüilizada ao responder o sorriso de Kingsley; Harry sabia que Hermione também não era muito íntima de vassouras.
— O que deixa você e eu, Rony! — disse Tonks, empolgada, derrubando uma caneca enquanto acenava para ele.
Rony não parecia tão satisfeito quanto Hermione.
— E você está comigo, Harry. Tudo certo? — disse Hagrid, parecendo um pouco ansioso. — Nós estaremos na moto, pois vassouras e Testrálios não suportam meu peso, entende. E você não cabe no assento comigo junto, todavia, então você irá no carrinho lateral.
— Está ótimo. — disse Harry, não totalmente certo disso.
— Nós achamos que os Comensais da Morte estarão esperando que você esteja em uma vassoura, — disse Moody, que pareceu adivinhar como Harry se sentia. — Snape teve muito tempo para dizer a eles tudo que ele nunca disse antes, então caso sejamos perseguidos por qualquer Comensal, estamos crentes que ele irá escolher um dos Potters que está em uma vassoura. Tudo bem, então. – Ele continuou carregando o saco com as roupas dos falsos Potters e caminhou para a porta, — Três minutos pra gente sair. Não tranque a porta de trás, isso não manterá os Comensais da Morte fora quando eles vierem. — Vamos.
Harry se apressou, pegou suas bagagens, Firebolt e a gaiola de Edwiges no escuro jardim.
Por todos os lados, vassouras estavam levantando vôo. Hermione já havia recebido ajuda de Kingsley para subir no grande Testrálio negro. Fleur subira no outro com Gui. Hagrid estava parado, pronto para partir ao lado de sua moto, óculos postos.
— É essa? É essa a moto de Sirius?
— Ela mesma. — disse Hagrid sorrindo para Harry – e a última vez que esteve nela, Harry, você cabia na minha mão!
Harry não pôde evitar se sentir um pouco humilhado à medida que entrava dentro do carrinho lateral. O carrinho o colocava alguns centímetros abaixo de todos; Rony riu ao vê-lo sentado no carrinho como uma criança. Ele colocou sua mochila e a vassoura debaixo dos pés e enfiou a gaiola de Edwiges entre suas pernas. Era extremamente desconfortável.
— Arthur deu uma “turbinada” – disse Hagrid, não percebendo o desconforto de Harry. Ele se posicionou na moto, que fez alguns barulhos e afundou alguns centímetros no chão. — Tem alguns truques aqui no guidão. Aquele foi idéia minha.
Ele apontou um dedo grosso para um botão roxo perto do acelerador.
— Por favor, tenha cuidado Hagrid — disse Sr. Weasley, que agora estava do lado deles, segurando sua vassoura. — Eu ainda não tenho certeza se é aconselhável usá-lo a não ser em emergências.
— Tudo bem então — disse Moody — Todos prontos, por favor; quero que nós todos saiamos no mesmo exato momento ou todo o propósito da distração será perdido.
Todos montaram suas vassouras.
— Segura firme agora, Rony. — disse Tonks, e Harry viu Rony lançar um olhar furtivo e culpado a Lupin antes de por suas mãos na cintura dela. Hagrid ligou a motocicleta. Ela rugiu como um dragão, e o carrinho lateral começou a vibrar.
— Boa sorte, para todos. — Gritou Moody. — Vejo vocês todos em uma hora na Toca. No três. Um... Dois... TRÊS!
Houve um grande rugido de moto, e Harry sentiu o carrinho lateral dando uma boa arrancada. Ele estava cortando o ar rapidamente, seus olhos enchendo de lágrimas levemente, seus cabelos ventavam para fora de seu rosto. Em volta dele, vassouras levantavam vôo também; a longa calda negra de um Testrálio passou por ele. Suas pernas, apertadas dentro do carrinho lateral devido à gaiola de Edwiges e sua mochila, já doíam e começavam a ficar dormentes. Tão grande era seu desconforto que ele quase esqueceu de dar uma última olhada no número quatro da Rua dos Alfeneiros; no momento em que ele olhou pela beirada do carrinho lateral, ele não podia mais dizer qual era. Cada vez mais altos, eles adentraram o céu.
E então, de lugar nenhum, do nada, eles estavam cercados. Pelo menos trinta figuras encapuzadas, voando, formaram um grande circulo em volta deles, no qual os membros da Ordem subiam, sem saber...
Gritos, raios de luz verde por todos os lados: Hagrid de um grito e a moto abaixou. Harry perdeu a noção de onde estavam: luzes acima, gritos a volta, ele agarrou o carro lateral pra valer. A gaiola de Edwiges, a Firebolt, e sua mochila escorregaram embaixo dos pés dele.
— Não – EDWIGES!
A vassoura caiu pra terra, mas ele conseguiu agarrar a ponta da mochila e o topo da gaiola enquanto a moto subia novamente. Um segundo de alívio, e então outro raio de luz verde. A coruja guinchou e caiu no chão da gaiola.
— Não – NÃO !
A motocicleta foi à toda velocidade para frente; Harry vislumbrou Comensais da Morte encapuzados espalhando-se à medida que Hagrid disparou através do circulo.
— Edwiges!— Edwiges!
Mas a coruja permaneceu imóvel e patética como um brinquedo no chão de sua gaiola. Ele não podia aceitar, e seu terror pelos outros foi primordial. Ele olhou por cima de seu ombro e viu uma massa de gente se movendo, feixes de luz verde, dois pares de pessoas em vassouras se afastando, mas ele não podia dizer quem eram...
— Hagrid, nós temos que voltar, nós temos que voltar! — ele gritou em meio ao barulho de feitiços e ao rugir da motocicleta, puxando sua varinha, colocando a gaiola de Edwiges no chão, se recusando a acreditar que ela havia morrido. — Hagrid, VOLTE!
— O meu trabalho é levá-lo lá a salvo, Harry! — berrou Hagrid.
— Pare! PARE! — Harry gritou, porém quando olhou para trás novamente, dois jatos de luz verde passaram por pouco de sua orelha. Quatro comensais da morte tinham deixado o círculo e estavam a persegui-los, mirando nas largas costas de Hagrid. Hagrid desviou-se, porém os Comensais estavam na cola da moto; mais jatos, e Harry teve que se enfiar no carrinho lateral para evitá-los. Esgueirando-se ele gritou, “Estupefaça!” e um raio saiu de sua varinha, criando um vão entre os quatro Comensais da Morte à medida que eles desviavam.
— Segure-se Harry, essa é pra eles! — gritou Hagrid, e Harry olhou justo na hora que Hagrid esmurrou um espesso dedo em um botão verde próximo ao medidor de combustível.
Uma parede, uma sólida parede, surgiu pelo exaustor. Esticando seu pescoço, Harry a viu expandir-se no meio do ar. Três Comensais desviaram-se bruscamente e a evitaram, mas o quarto não teve tanta sorte; ele desapareceu de vista e então caiu como um pedregulho por trás, sua vassoura quebrou em pedacinhos. Um de seus companheiros diminuiu para salvá-lo, mas ele e a parede voadora foram engolidos pela escuridão à medida que Hagrid retomou o controle da moto e acelerou.
Mais maldições passaram pela cabeça de Harry vindos dos dois Comensais restantes; eles estavam mirando em Hagrid. Harry reagiu com feitiços estuporantes: Vermelho e verde colidiram no meio do ar, em um espetáculo de faíscas multicoloridas, e Harry lembrou-se um pouco de fogos de artifício, e então dos Trouxas abaixo os quais não tinham idéia do que ocorria.
— Aqui vamos nós de novo. Harry, segure-se! — gritou Hagrid, e ele pressionou um segundo botão. Desta vez uma grande teia saiu do exaustor, mas os Comensais Da Morte estavam preparados para isso. Não somente desviaram, mas o companheiro que havia voltado para salvar o amigo inconsciente voltara. Ele surgiu repentinamente da escuridão e agora três deles estavam perseguindo a motocicleta, todos soltando feitiços.
— Agora vai, Harry, segura firme! — gritou Hagrid, e Harry o viu meter toda a mão em um botão roxo ao lado do medidor de velocidade.
Com um inconfundível barulho, chamas de dragão saíram do exaustor, branco-azul quentes, e a motocicleta atingiu a velocidade de uma bala com o som de metal desvencilhando. Harry viu os Comensais da Morte desviarem bruscamente para evitar a chama mortal, e ao mesmo tempo sentiu o carrinho lateral se balançar sinistramente. Suas conexões metálicas com a moto haviam lascado com a força da aceleração.
— Tá tudo bem, Harry — berrou Hagrid, agora com o corpo muito para trás devido à velocidade; ninguém estava conduzindo agora e o carrinho lateral começou a girar violentamente.
— Esta tudo sobre controle Harry, não se preocupe! — Hagrid gritou, e de dentro do bolso de sua jaqueta ele puxou sua sombrinha rosa e florida.
— Hagrid! Não! Deixa que eu faço!
— REPARO!
Houve um barulho ensurdecedor e o carrinho lateral desvencilhou-se da moto completamente; Harry voou para frente, impulsionado pelo ímpeto do vôo da moto, então o carrinho lateral começou a perder altura. Desesperado, Harry apontou sua varinha para o carrinho lateral e gritou:
— Wingardium Leviosa!
O carrinho levitou, desestabilizado, mas ao menos continuava no ar. Ele teve alguns segundos, porém, novos feitiços passaram por ele: Os três Comensais da Morte estavam se aproximando.
— Estou indo, Harry! Hagrid berrou do meio da escuridão, mas Harry pôde sentir o carrinho começar a desabar novamente: agachando-se o máximo que conseguira, ele apontou para o meio das figuras na escuridão e gritou “Impedimenta”!
O feitiço atingiu o Comensal do meio bem no peito: Por um momento, o homem estava absurdamente perdido ao bater em uma barreira invisível. Um de seus companheiros quase bateu com ele.
Então o carrinho começou a cair para valer, e o Comensal restante lançou um feitiço muito próximo a Harry que ele teve que se abaixar bruscamente, batendo um dente na beira do assento.
— Estou indo Harry, estou indo!
Uma grande mão pegou as vestes de Harry e o puxou para fora do carrinho; Harry pegou sua mochila enquanto foi puxado para o assento na motocicleta. Enquanto eles subiam, fora do alcance dos dois comensais restantes, Harry cuspiu o sangue para fora de sua boca, apontou sua varinha para o carrinho caindo e gritou, “Confringo!”
Ele sentiu uma péssima ponta de culpa por Edwiges; o Comensal da Morte mais próximo fora jogado para fora de sua vassoura e caiu; seu companheiro voltou e desapareceu.
— Harry, Eu sinto muito, sinto muito. — Gemeu Hagrid — Eu não deveria ter tentado reparar o carrinho eu mesmo – eu não sei fazer nada...
— Isso não é um problema agora, só continue voando! — Harry gritou de volta, avistando mais dois Comensais que emergiram da escuridão, se aproximando.
À medida que os feitiços iam passando por eles, Hagrid desviava. Harry sabia que Hagrid não ousaria usar o ‘botão do fogo do dragão’ novamente, com Harry espremido ali, de forma tão insegura. Harry mandou feitiço depois de feitiço de volta contra seus perseguidores, mal os segurando. Ele mandou outro feitiço Impedimenta. O Comensal mais próximo desviou-se bruscamente e seu capuz caiu, e pela luz vermelha do feitiço Harry pôde reconhecê-lo: Stanislau Shunpike—Stan—
— Expeliarmus! — Harry gritou.
— É ele, é ele, é o verdadeiro!
O grito do Comensal chegou a Harry mesmo com todo o barulho da moto: No outro momento, ambos os perseguidores ficaram para trás e desapareceram de vista.
— Harry, o que houve? — berrou Hagrid. — Para onde eles foram?
— Eu não sei!
Mas Harry estava com medo. O Comensal encapuzado havia gritado “É o verdadeiro!”. Como ele sabia? Ele olhou fixamente em volta para a escuridão e sentiu a ameaça. Onde eles estavam?
Ele subiu com dificuldade no assento para olhar para frente e se agarrou nas costas de Hagrid.
— Hagrid, faz a coisa do fogo do dragão de novo, vamos embora logo!
— Segura firme então Harry!
Houve novamente um barulho inconfundível e a chama branca e quente saiu pelo exaustor. Harry sentiu ele mesmo voltando para trás do pequeno assento, Hagrid afundou para trás também, mal mantendo o controle da motocicleta.
— Eu acho que eles nos perderam Harry, eu acho mesmo! — gritou Hagrid.
Mas Harry não estava convencido. O medo corria por ele quando ele olhava da direita para esquerda a procura de perseguidores... Por que eles haviam ficado para trás? Um deles ainda possuía uma varinha... é ele... é o verdadeiro ... eles disseram isso depois da tentativa de Harry de desarmar Lalau...
— Estamos quase lá Harry, quase lá! — disse Hagrid.
Harry sentiu a moto baixar um pouco, apesar das luzes abaixo ainda parecerem estrelas remotas.
Então a cicatriz em sua testa queimou como fogo. Um Comensal da Morte apareceu em cada lado da bicicleta, duas maldições da morte erraram Harry por milímetros.
E então Harry o viu. Voldemort estava voando como fumaça no vento, sem vassoura ou Trestálio para segurá-lo, sua cara de cobra brilhando na escuridão, seus dedos brancos segurando sua varinha novamente.
Hagrid foi com a moto para um repentino mergulho. Esgueirando-se, Harry mandou uma série de feitiços contra a escuridão. Ele viu um corpo passar por ele e soube que tinha atingido algum deles, mas então ele ouviu um barulho e viu fagulhas saírem do motor; a motocicleta pirou no ar, completamente fora de controle — Jatos de luz verde passaram por eles de novo. Harry não fazia idéia do que era cima, ou o que era baixo. Sua cicatriz continuava a queimar; ele esperava morrer a qualquer segundo. Uma figura encapuzada em uma vassoura estava logo à sua frente, ele a viu levantar seu braço.
— NÃO!
Com um grito de fúria, Hagrid jogou-se de dentro da moto até o Comensal; para seu horror, Harry viu ambos caindo, seus pesos combinados eram muito para a vassoura— Mal segurando-se a motocicleta com seus joelhos, Harry ouviu Voldemort gritar:
— Meu!
Estava acabado. Ele não podia ver ou ouvir onde Voldemort estava; ele vislumbrou outro Comensal da Morte voando e ouviu:
— Avada...
Assim como a cicatriz de Harry forçou seus olhos a se fechar, sua varinha agiu por conta própria. Ele sentiu ela empunhada em sua mão como um imã, viu um esguicho de fogo dourado através dos seus olhos semi-abertos, ouviu um ‘crack’ e um grito de fúria. O Comensal restante berrou. Voldemort gritou.
— Não!
De alguma forma, Harry achou o botão do fogo de dragão. Ele o apertou com sua outra mão e a moto lançou mais fogo no ar.
— Hagrid!
Harry chamou, segurando-se na moto.
— Hagrid. Accio Hagrid!
A moto aumentou a velocidade, puxada diretamente para a terra. Cara a cara com o guidão da moto, Harry não via mais nada a não ser as distantes luzes cada vez mais perto. Ele ia bater e não havia nada que ele podia fazer. Atrás dele pôde ouvir outro grito.
— Sua varinha, Selwyn, dê-me sua varinha!
Ele sentiu Voldemort antes de vê-lo. Olhando para os lados, ele visualizou os olhos vermelhos e tinha certeza que seriam a última coisa que ele veria. Voldemort estava se preparando para atacá-lo mais uma vez.
No entanto, Voldemort sumiu. Harry olhou para baixo e viu Hagrid jogado no chão embaixo dele. Ele puxou forte o guidão da moto para evitar bater em Hagrid, tateou atrás do freio, mas com um barulho estrondoso, o chão tremia, ele caiu direto em um poço de lama.